Perto de 11 mil doentes que estavam internados nos hospitais públicos foram colocados em unidades de cuidados continuados e mais de 1.000 idosos em lares, entre março e setembro, para libertar camas nos hospitais.
Os números foram avançados por Cristina Caetano, uma das coordenadoras da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) na Comissão de Saúde, onde foi ouvida juntamente com a outra coordenadora, Purificação Gandra, a pedido do PS para obter esclarecimentos relativamente à rede.
"O tempo covid-19 foi uma questão que veio interferir com várias áreas", afirmou Cristina Caetano, adiantando que se procurou que fosse priorizada a referenciação para a rede de pessoas internadas nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde para libertar camas.
Também no âmbito de Segurança Social foram dadas orientações para serem priorizadas a atribuição de respostas sociais.
Assim, entre março, início da epidemia em Portugal, e setembro foram colocadas em lares de idosos 1.060 pessoas e 10.920 em resposta da rede de cuidados continuados, avançou Cristina Caetano.
Purificação Gandra afirmou, por seu turno, que "perante a gravidade da atual pandemia de covid-19, a rede foi confrontada com um desafio acrescido a que tem dado resposta de uma forma muito positiva".
"São acompanhadas diariamente 396 unidades de internamento entre rede geral e as respostas de saúde mental que também têm doentes internados, com cerca de 9.500 doentes", declarou a coordenadora.
Até à data, disse Purificação Gandra, "tem sido possível controlar a disseminação de covid-19 nas unidades com um mínimo de doentes e profissionais infetados".
A testagem dos profissionais tem sido "uma estratégia constante", tendo sido realizados já 17.700 testes aos profissionais da rede de cuidados continuados.
"A vacinação contra a gripe já foi iniciada com uma adesão significativa", estando já cerca de 70% das unidades com os doentes vacinados e a avançar para os profissionais, salientou.
Traçando um retrato da RNCCI, Purificação Gandra afirmou que, apesar de 85% dos doentes terem mais de 65 anos, a rede "não é nem pode ser considerada" como um lar para idosos.
"Não é uma resposta permanente ou definitiva é uma resposta a cuidados de saúde com apoio social na procura da melhor resposta aos doentes e famílias com vista ao seu regresso ao domicílio o que é conseguido em cerca de 77% das situações", sublinhou.
Sublinhou ainda que a RNCCI "vive e é sustentada pelo trabalho" que faz com os parceiros, porque as unidades são dos setores social e privado.
"É o trabalho conjunto que produz os resultados da rede mas há uma coisa, as unidades, os parceiros - e nós temos alertado isto várias - não podem demitir-se das suas responsabilidades", defendeu Purificação Gandra.
Não o podem fazer porque há um contrato que é feito e quando as unidades se propõem a assiná-lo "sabem quais são as suas responsabilidades", disse, ressalvando que "na maior percentagem das unidades, o trabalho é construtivo sempre, independentemente das dificuldades" que todos passam.
"Os parceiros sociais e privados têm sido sempre uma mais valia, mas isso não os pode demitir de fazer parte da solução e não entender que o problema é para ser resolvido pelo SNS ou pelo Estado", defendeu.
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