A Associação Protetora dos Pobres e o Centro de Apoio ao Sem-Abrigo registaram na Madeira um aumento de utentes em 2020, inclusive pessoas que "tinham a vida organizada", num reflexo do impacto da pandemia de Covid-19 na estrutura socioeconómica insular.
"Vieram muitas pessoas novas. A pandemia trouxe pessoas que normalmente nunca viriam cá, porque tinham a sua vida organizada e nunca pensaram pedir ajuda a uma instituição destas", disse à agência Lusa o diretor técnico da Associação Protetora dos Pobres, situada no centro do Funchal, Roberto Aguiar.
Em 2020, a instituição apoiou mais de 700 pessoas, o que representa um aumento de 300 utentes face à média anual.
"A maior parte das pessoas – também é importante dizer – não são toxicodependentes, nem alcoólicos, nem portadores de outras doenças, mas sim pessoas que têm problemas económicos, têm fracos ou nenhuns rendimentos, ou estão em situação de desemprego", explicou Roberto Aguiar.
Um cenário idêntico foi registado no Centro de Apoio ao Sem-Abrigo (CASA), instituição que no arquipélago está sediada num parque de estacionamento à entrada da capital madeirense e que presta apoio a 121 pessoas sem teto ou a viver em habitação precária, bem como a 383 famílias carenciadas.
"Há mais gente a chegar, mais gente a pedir, sem dúvida alguma. Vieram mais famílias, mas não temos capacidade de resposta e reencaminhamos para outras instituições, para a Câmara Municipal do Funchal, para a Câmara Municipal de Santa Cruz", disse Sílvia Ferreira, coordenadora da delegação regional do CASA, que iniciou a atividade na Madeira em 2008.
As duas instituições assinalaram também um aumento significativo na frequência de toxicodependentes, sobretudo jovens do sexo masculino.
Apesar dos constrangimentos e das restrições para conter a Covid-19, nenhuma das instituições encerrou, nem mesmo nos períodos mais críticos, mas ambas foram forçadas a reformular a prestação de serviços.
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