Portugal está fora das rotas migratórias das aves onde foi detectada a estirpe mais perigosa da gripe das aves, disse o director da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA). Luís Costa salientou que existem três factores que dificultam a chegada do vírus a Portugal através de aves migratórias: "Primeiro, porque na nossa rota migratória não foi detectado o vírus. Segundo, porque o número de aves aquáticas que temos é reduzido comparativamente a outros países. E, terceiro, porque estamos no final dessa rota, por isso as aves podem nem chegar cá".
Existem três corredores principais para as aves migratórias da Europa. Um, que atravessa a região do Bósforo e países da Europa Oriental, como a Turquia e a Roménia, onde foi identificado o vírus H5N1 (o mais perigoso) em aves migratórias. Outro, que cruza e a Europa central e desce para Itália. E uma terceira rota migratória que chega a Portugal através da costa Norte da Europa.
O especialista sublinhou, no entanto, que os movimentos migratórios podem ser influenciados em função de factores climatéricos como uma vaga de frio ou ventos fortes. Além disso, as aves podem ter até as mesmas áreas de reprodução, por exemplo, na Sibéria. "Mas isto está muito pouco estudado, até porque abrange um território muito vasto", considerou o responsável da SPEA.
Por isso, "nada garante que o vírus não possa aparecer". "É uma questão difícil de avaliar", frisou Luís Costa. Portugal tem em curso um programa de monitorização das aves migratórias devido à gripe das aves, mas vai continuar a permitir a caça.
O director da SPEA concorda que a caça não é uma questão preocupante para já, mas alerta para o facto dos caçadores poderem ser "um grupo de risco". Se for detectada uma ave migratória em agonia ou morta não deve ser tocada, devendo ser avisadas de imediato as autoridades competentes, alertou Luís Costa.
As aves mais portadoras deste vírus são espécies aquáticas como os gansos e os patos. A Turquia, a Roménia e a Bulgária decretaram a proibição da caça, enquanto os restantes países europeus reforçaram a vigilância das aves selvagens.
Data de introdução: 2005-10-20