A sessão de encerramento da XIV Festa da Solidariedade – Açores 2021 contou com a presença do presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, que na sua intervenção se mostrou bastante disponível para um aprofundar da cooperação entre o executivo e as IPSS regionais.
José Manuel Bolieiro defendeu que o Governo Regional é “muito sensível à lógica contratualista de responsabilidade e partilha” entre o executivo e as instituições sociais, salientando: “O nosso modelo de contratualização será feito de forma transparente, equitativa e criteriosa. Por isso importa definir um valor-padrão que ajude a objetivar na medida do possível esta relação solidária financeira com as IPSS”.
O presidente do Governo Regional dos Açores manifestou a disponibilidade do executivo para apoiar as instituições sociais “de forma excecional”, para que haja um aumento de salários, em especial pela solução nacional para o salário mínimo, no âmbito da pandemia de Covid-19, e salientou que o Estado não pode, “em circunstância alguma”, ser “indiferente” ao papel e à intervenção das IPSS, que “substituem a responsabilidade social do Estado como verdadeiros parceiros” e “dão de si sem pensar em si, em benefício da comunidade e complementando o papel do Estado”.
Por isso, o governante foi taxativo: “É nosso entendimento de que sois parceiros. Parceiros que dão corpo tantas vezes a pensar mais nos outros do que em si próprios, quer na dedicação generosa voluntariosa do dirigismo, quer naqueles que são profissionais, tantas vezes mal remunerados e, apesar disso, muito voluntariosos no brio e na dedicação profissional para servir bem o bem fazer aos outros”.
Mas logo no arranque da sua intervenção, José Manuel Bolieiro respondeu afirmativamente a “duas sugestões” feitas, momentos antes, pelo vice-presidente da CNIS.
Sugeriu Eleutério Alves ao Governo Regional que, à semelhança do que faz o Estado Central com a CNIS, “apoiasse as entidades representativas das instituições, no caso a URIPSSA, para terem uma maior qualidade na relação com as IPSS, para que não haja instituições que se sintam sozinhas” e ainda “que a Direção Regional da Solidariedade Social crie uma Comissão Regional de Cooperação para, em conjunto, se discutir e preparar a intervenção social”.
“Em nome do Governo Regional, começo por responder afirmativamente às sugestões que o dr. Eleutério Alves deixou aqui para o Governo na sua relação com as IPSS”, afirmou José Manuel Bolieiro.
No seu discurso, em que começou por deixar um abraço do presidente da CNIS, ausente por razões pessoais, a todos os açorianos, Eleutério Alves prosseguiu, afirmando que, levar a Festa da Solidariedade até ao arquipélago, “não é um favor que a CNIS fez aos Açores, mas é um ato merecido pelo trabalho da URIPSSA, das instituições e do Governo Regional”, lembrando que, por serem nove ilhas, “não foi fácil preparar a Festa, mas com a inteligência do João Canedo foi possível encontrar um formato adequado”.
“Valeu a pena. Valeu mesmo a pena”, asseverou o vice-presidente da CNIS, acrescentando: “A Festa e a Chama é o símbolo da solidariedade, fraternidade e caridade, de que tanto precisamos e as nossas instituições tanto praticam. Por isso, o objetivo é o de criar um espaço de partilha de conhecimento e de boas práticas, o que é facilitado pela presença física”.
Sublinhando que “o voluntariado é o que mais enriquece a nossa missão”, Eleutério Alves lembrou que “as IPSS não são instituições públicas, mas praticam diariamente serviço público”.
“Hoje é o nosso tempo para dar mais dignidade às pessoas”, sustentou, dirigindo depois um sentido agradecimento à URIPSSA “pelo sucesso da Festa”, mas também às autarquias que a acolheram e ao Governo Regional, que marcou presença nos quatro dias do evento, sempre representado ao mais alto nível.
“É por vós [IPSS] e pelos utentes que a CNIS e a URIPSSA organizaram esta Festa”, afirmou, frisando: “Fazer o bem bem feito é a nossa missão, por isso considerem-se todos convocados a participar nesta nobre missão”.
Em representação da autarquia de Ponta Delgada, o vereador Paulo Mendes destacou “a importância das IPSS no nosso desenvolvimento coletivo e podem continuar a contar connosco”, deixando um desafio às instituições: “A realidade social está cada vez mais complexa, por isso quero desafiar as IPSS a apostarem na inovação das suas respostas à comunidade”.
Antes, ao abrir o último dia da Festa da Solidariedade nos Açores, João Canedo reafirmou “que somente em parceria, mas uma parceria responsável e ativa, é que podemos ir ao encontro das necessidades da nossa comunidade e deixarmos de ser uma das regiões mais pobres da União Europeia”, sublinhando: “Ao não termos instituições sustentáveis e saudáveis não conseguimos efetuar um trabalho de qualidade, sendo o tema da sustentabilidade de extrema relevância para todos nós”.
Defendendo que “um dos desafios mais importantes das IPSS na atualidade e num futuro próximo” é o continuarem a reinventar-se e adaptar-se à atualidade, “arranjando parcerias e outras fontes de rendimentos” e nestas “estão incluídas as parcerias entre IPSS”.
“Não podemos estar de costas voltadas umas para as outras, temos de comunicar e encontrar soluções para colmatarmos as nossas necessidades e isso só podemos fazer com uma boa comunicação, profissionalismo, humanismo e parcerias ativas”, rematou o líder da URIPSSA.
A Festa e Chama da Solidariedade voltam em 2022 para mais uma celebração do espírito solidário dos portugueses.
Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)
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