O ministro do Trabalho e da Solidariedade Social considerou crucial para o futuro das políticas sociais na Europa a conciliação entre o trabalho e a família. Segundo Vieira da Silva, o objectivo de conciliar a vida profissional e familiar é estratégico para uma sociedade mais desenvolvida, igualitária e com uma economia mais competitiva.
Vieira da Silva defendeu ser necessário reforçar uma abordagem pró-igualitária das relações familiares. Nessa abordagem, explicou, é fundamental a partilha de responsabilidades entre os pais e as mães nas tarefas familiares e a criação de condições para que os trabalhadores possam conciliar as suas funções profissionais com os apoios que prestam às famílias.
Em Portugal, acrescentou, têm sido tomadas várias medidas com esse objectivo, como sejam o alargamento das licenças de maternidade e paternidade suportadas pelo sistema público de segurança social.
Contudo, Portugal, que regista um declínio acentuado nas taxas de natalidade, é ainda referenciado em estudos europeus como um dos países que menos assistência presta à família e onde o abono familiar é dos mais reduzidos da Europa dos 15.
Vieira da Silva garantiu que o governo tem nas suas propostas de reforma da segurança social medidas que visam reforçar o apoio às famílias numerosas e monoparentais, assim como o reforço das redes de equipamentos e serviços sociais. "Uma boa rede é dos instrumentos mais poderosos para favorecer a conciliação da vida familiar e profissional e recuperar as taxas de
natalidade para que a parentalidade seja vivida de forma partilhada", disse.
Vieira da Silva falava em conferência de imprensa à margem da XXVIII Conferência dos Ministros Europeus responsáveis pelos Assuntos da Família, que decorreu em Lisboa.
Na conferência, uma investigadora portuguesa apresentou alguns desafios para as políticas de família no contexto das mudanças sócio-demográficas na Europa. Segundo Karin Wall, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, as políticas de família devem responder à diversidade dos modelos familiares e assegurar rendimentos adequados para as famílias mais vulneráveis à pobreza.
Dado o crescimento do duplo emprego, deve ainda ser promovida a conciliação entre a vida familiar e a vida profissional através da criação de serviços de apoio de baixo custo (creches, apoio domiciliário), regimes adequados de faltas ao trabalho e de horários compatíveis, defendeu a investigadora.
A XXVIII Conferência de ministros europeus é uma iniciativa conjunta do governo português e do Conselho da Europeu e insere-se no reforço da cooperação e do diálogo político entre os Estados para encontrar soluções e projectos para a área da família
17.05.2006
Data de introdução: 2006-05-17