Perto de uma centena de crianças foi vítima de maus-tratos no primeiro trimestre do ano, tendo a maioria dos crimes como autores os próprios pais, revela um estudo da Associação de Apoio à Vítima (APAV).
Os crimes mais praticados contra crianças são os maus-tratos psíquicos (53 casos), seguindo-se os maus-tratos físicos (31 casos), adianta a estatística da APAV baseada nos casos registados pela associação nos primeiros três meses do ano.
Foram ainda registados neste período, 15 ameaças/coação, oito abusos sexuais, seis violações de obrigações de alimentos, três casos de violação e dois de difamação e injúrias.
De acordo com os dados, a maioria dos crimes (39,2 por cento) ocorreu em crianças entre os 11 e os 17 anos, seguindo-se a faixa etária entre os seis e os 10 anos (27,8 por cento) e a dos zero aos três anos (19,6).
Apesar da informação relativamente à idade se situar entre os 11 e os 17 anos, o nível de ensino das crianças mais vezes assinalado pela APAV diz respeito ao pré-escolar (24,7 por cento), seguindo-se o primeiro ciclo (16,5 por cento).
As cidades de Faro (21,7 por cento), Lisboa (21,7 por cento) e Porto (20,6 por cento) são as que apresentam maior número de crianças vítimas de situação de violência.
Segundo a associação, estas cidades registam uma densidade populacional superior ao restante do país, bem como uma maior facilidade na circulação de informação, o que permite um acesso mais rápido aos serviços da APAV.
A maioria dos crimes (80 por cento) é praticado na residência comum (da vítima e do agressor), salienta a estatística. Os dados traçam ainda o perfil do agressor, indicando que seis em cada dez são os próprios pais, que tanto agridem as raparigas (58 por cento) como os rapazes (42 por cento). A maioria dos agressores (81 por cento) é homem, tem entre 36 e 45 anos e é casado (44,3 por cento).
Relativamente à escolaridade dos agressores, 3,1 por cento não sabe ler nem escrever, 10,3 por cento tem apenas o primeiro ciclo, 4,1 por cento frequentou o segundo ciclo e 3,1 por cento o ensino secundário.
Mais de 15 por cento dos autores dos crimes está desempregado, 13,4 por cento são operários, artífices e trabalhadores da construção civil.
31.05.2006
Data de introdução: 2006-05-31