Há muitos anos que se falava do “monstro”, ou seja: o famigerado déficit.
Sucessivos Governos apresentaram diagnósticos, anunciaram medidas para enfrentar o problema do gigantesco déficit, alienaram bens públicos, carregaram os portugueses de impostos, com a promessa de resolverem o problema.
Aparece o Governo do Engenheiro Sócrates e o problema volta à baila! Afinal o “monstro” não estava domado, apesar de tantas medidas já tomadas.
Que aconteceu?
Sujeitaram o país a uma “ressonância magnética” e verificou-se então que o problema era grave e apresentava já muitas metásteses espalhadas pelo organismo social, qual cancro demolidor que, sem um tratamento drástico, poderá levar-nos desta para melhor.
Surgem então as chamadas “reformas estruturais” que começaram a abranger, de uma forma ou doutra, quase todos os portugueses.
As oposições protestam. O descontentamento sai à rua. Porém, o Governo entende que não tem outro caminho, a não ser o da austeridade e do corte em muitos direitos considerados adquiridos, para colocar o país nos trilhos do progresso, de equidade e da justiça social!
Passados 16 meses de governação, fez-se o balanço do “estado da Nação”.
Há um pressentimento não muito confessado, mas que vai passando de boca em boca, de que, apesar de tantos sacrifícios já pedidos e os muito mais que se anunciam, não há a garantia de que o “monstro” seja abatido.
A pretexto da preparação de um bom futuro, vai-se esganando o presente, sem garantias de que tantos sacrifícios se vão repercutir em mais bem estar social e progresso económico no futuro.
Este sentimento gera insegurança e retira ânimo para enfrentar mais dificuldades.
Que o Estado está a arrecadar mais receitas, é certo e sabido!
Porém...quem nos dá a garantia de que as despesas públicas estão a ficar controladas e até ao fim da legislatura baixarão efectivamente para os 3%?
O povo precisa que o Governo lhe diga a si directamente e não aos partidos da oposição em “politiquês”... qual é a verdadeira situação económico-financeira de Portugal!
As consequências sociais do grande número de desempregados, de milhares de pensionistas que vêm reduzidas as suas parcas reformas, de milhares de famílias afogadas em dívidas perante a banca, da crescente falta de “almofadas sociais” de famílias e instituições que costumam servir para os momentos de maior crise, deverão reclamar um pouco mais de atenção de quem governa o país!
Data de introdução: 2006-08-01