O Bispo da Guarda defende a necessidade do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) discriminar positivamente as regiões mais pobres como forma de combater o drama da desertificação. "É necessário assumir a coragem de promover a discriminação positiva para as regiões mais pobres de meios promotores do desenvolvimento, como a nossa, e com essa finalidade, saber aproveitar a oportunidade única constituída pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) que vigora nos próximos seis anos", afirmou D. Manuel da Rocha Felício numa mensagem divulgada.
O prelado diocesano mostrou-se preocupado com o "drama da desertificação humana" que afecta a região e "põe em risco a sobrevivência" de muitas aldeias do distrito: "Estamos, de facto, perante um drama de proporções alarmantes, que põe em risco a sobrevivência de muitas das nossas aldeias e obriga as populações locais a deixar as suas terras", afirmou.
Para D. Manuel da Rocha Felício, trata-se de "um drama que todo o país precisa de sentir como seu, pois sem o desenvolvimento das potencialidades que nos são próprias, todo o país fica mais pobre e a qualidade de vida de todos os portugueses irremediavelmente prejudicada".
O prelado afirma que, para inverter a actual situação, "pode ser feito muito se o Governo tiver coragem política de discriminar positivamente as nossas regiões", e salientou que o desenvolvimento também poderá ser promovido se forem canalizados "investimentos vindos do QREN para essa finalidade".
"Se fizermos desta oportunidade, que dura seis anos, uma alavanca para, sobretudo, promovermos a iniciativa empresarial e de emprego dos nossos jovens", frisou D. Manuel da Rocha Felício, considerando que "mais do que atrair grandes empresas", é necessário "ver os jovens da terra empenhados em criar os seus próprios empregos".
O Bispo da Guarda considerou ainda que o "drama da desertificação humana" que afecta a região é motivado pela desagregação do núcleo familiar e pela redução do número de nascimentos. "Sabemos hoje que na lei portuguesa, um casal para pagar menos impostos, divorcia-se", afirmou o prelado, defendendo que "é um contra-senso".
"Então, um casal constituído paga xis de impostos, divorcia-se e paga menos impostos?", questionou o Bispo da Guarda, que preconizou também uma "discriminação positiva" para as famílias "por via de impostos".
21.12.2007
Data de introdução: 2007-12-21