O presidente da Obra Vicentina de Auxílio aos Reclusos (OVAR) considerou hoje "preocupante" que o Orçamento de Estado para este ano consagre menos seis mil euros do que em 2007 para
o apoio à reinserção dos presos. "A sociedade não está motivada para dar mais dinheiro para as prisões", considerou Manuel dos Santos, durante as II Jornadas de Reflexão da OVAR, que decorreram em São João de Ver, Santa Maria da Feira.
Para 2008, o OE consagra perto de 329 mil euros para os Serviços de Investigação, Prisionais e de Reinserçäo, enquanto que em 2007 disponibilizou cerca de 335 mil euros. "É uma leitura preocupante", sublinhou o responsável.
Recordando que o ministro da Justiça, Alberto Costa, já reconheceu que "o sistema penitenciário clássico falhou os seus propósitos", Manuel dos Santos manifestou espanto por o "modelo continuar a ser o mesmo". O padre João Gonçalves, coordenador nacional da Pastoral Prisional, afirmou, por sua vez, que "a cadeia foi feita para excluir e para marginalizar", e exortou os católicos, e os cristãos em geral, a envolverem-se no apoio aos reclusos. "Temos de dizer muitas vezes, a nós e aos outros, que os presos são pessoas, que só estão privados da liberdade, e de mais nada", afirmou João Gonçalves.
A OVAR é uma entidade pertencente à Sociedade de S. Vicente de Paulo - instituição ligada à Igreja Católica -, que gasta anualmente quase sete mil euros no apoio aos cerca de dois mil reclusos (homens e mulheres) dos estabelecimentos prisionais de Custóias, Paços de Ferreira e Santa Cruz do Bispo. Esta obra, que tem como incidência a Diocese do Porto, visa dar apoio espiritual e material aos reclusos e suas famílias.
Actualmente, a população prisional portuguesa ascende a 11.488 reclusos - 10.700 homens e 788 mulheres - metade dos quais são reincidentes. Além disso, 50 por cento dos presos não tinha emprego à data da sua prisão, e 70 por cento não tem qualquer ocupação durante o tempo que cumprem a pena.
28.01.2008
Data de introdução: 2008-01-28