A pobreza atinge entre "25 a 30 por cento " da população do distrito do Porto, de acordo com o levantamento efectuado pelo Bloco de Esquerda (BE) "desde há um ano", nomeadamente, junto de "dezenas de instituições de solidariedade social". O resultado final do estudo será o lançamento de um Livro Negro da Pobreza no Porto, que os bloquistas pensam poder apresentar "ainda este mês ou no princípio do próximo mês", segundo anunciou o sociólogo e dirigente daquele partido João Teixeira Lopes.
Dados recolhidos pelo BE levam Teixeira Lopes a caracterizar a situação que se vive no distrito do Porto como "verdadeiramente assustadora e alarmante". De uma população de cerca de dois milhões de pessoas, entre meio milhão a 600 mil são pobres. A taxa de "pobreza relativa" é de 18 por cento a nível nacional, mas no Porto sobe para os "25 a 30 por cento", aponta o BE.
Uma pessoa vive em "pobreza relativa" quando ganha menos de 60 por cento do rendimento médio nacional, o que em Portugal corresponde a 366 euros ou menos por mês. A causa deste problema são "as políticas económicas e sociais dos últimos três anos". "É o que nos dizem as instituições visitadas", afirma Teixeira Lopes.
O dirigente conta que o Banco Alimentar contra a Fome, "que funciona como instituição pivô no distrito do Porto porque fornece alimentos a quase todas as instituições, não consegue dar resposta" às muitas solicitações que lhe são dirigidas. "Mais de uma centena dessas instituições encontra-se na lista de espera" daquela conhecida organização, exemplifica Teixeira Lopes.
Outro dado revelador, acrescenta, é que "no distrito se concentram 45 por cento dos beneficiários do rendimento social de inserção, o que mostra bem a incidência da pobreza na região". São cerca de 56 mil famílias que, no Porto, beneficiam dessa ajuda estatal.
O BE declara-se convicto de que esse número só não é porque "na Segurança Social há uma espécie de barreira à entrada de mais beneficiários, por não haver dinheiro". "Estou absolutamente convencido disto", realça Teixeira Lopes, reforçando que "a Segurança Social tem um numerus clausus". O dirigente bloquista baseia-se nas "instituições, que dizem que a Segurança Social não abre mais vagas".
As principais vítimas da pobreza são os idosos, as famílias monoparentais, em que mães sozinhas tomam conta dos filhos, e os desempregados de longa duração.
08.02.2008
Data de introdução: 2008-02-08