Desde 1981 a World Values Survey e a Universidade de Michigan, instituições presumivelmente idóneas e credíveis, dedicam-se a fazer um estudo subjectivo sobre a felicidade de quase uma centena de países por esse mundo fora. A subjectividade resulta da noção de felicidade e do método utilizado: um inquérito em que, numa escala de zero a dez, cada um tem que avaliar se é muitíssimo, muito, pouco, ou nada feliz.
Os resultados não revelam nada de extraordinário. Em 97 países Portugal está um pouco acima do meio da tabela, com uma pontuação de 5,5. Nem felizes, nem infelizes, antes pelo contrário. A Dinamarca é o campeão da felicidade, com 8 pontos, seguida pela Islândia, Suiça, Holanda e Canadá. No fim da tabela surge o Zimbabwe, porque o regime de Robert Mugabe não se apercebeu dos trabalhos de recolha de dados…
Mais interessante, mas ainda assim pouco surpreendente, é a convicção com que os investigadores ficaram, ao longo destes anos todos a medir a felicidade dos países, de que os cidadãos cada vez mais valorizam a liberdade de escolherem a sua própria vida. E ainda, que a prosperidade económica, a democratização e a tolerância social aumentam os índices.
Os valores do nosso país, a meio da tabela, podem ser justificados por recurso a um outro estudo da mesma World Values Survey, desta feita em combinação com a insuspeita OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, dado a conhecer há cerca de um ano, onde se garante que os portugueses são o povo mais desconfiado da Europa Ocidental e ocupam a 25ª posição entre 26 países. O estudo destinava-se a medir a amplitude da desconfiança e falta de civismo dos diferentes povos recenseados.
O que deve ter acontecido é que os portugueses inquiridos - não sabendo nós quantos foram -, desconfiados, perante as perguntas sobre a sua felicidade, resolveram optar pelo mais ou menos, nem muito nem pouco, assim-assim.
Data de introdução: 2008-07-07