ASSISTÊNCIA RELIGIOSA

Distinção nas cadeias é laicismo anti-religioso

O Bispo D. Carlos Azevedo afirma que o Governo está a "ofender a sociedade portuguesa" por causa da separação entre voluntariado e assistência religiosa nas prisões.
"Promove-se um laicismo anti-religioso", diz o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social.

São críticas da Igreja que surgem no dia em que a directora-geral dos Serviços Prisionais admitiu que a lei que vai regular a assistência nas cadeias, deverá distinguir as duas funções.

Em declarações à Renascença, à margem de um Encontro Nacional de Capelães, que decorre em Fátima, Clara Albino, directora-geral dos Serviços Prisionais, admitiu que a lei que regulará a assistência nas cadeias, ainda em negociação, vai no sentido de impor uma distinção entre os dois regimes: “Nós temos o dever de destrinçar aquilo que são intervenções de cariz doutrinário de acções que são de apoio social e voluntariado”.

Para D. Carlos Azevedo, trata-se de uma ofensa à sociedade portuguesa, maioritariamente católica, e uma medida que pode vir a aumentar a revolta dos reclusos.

Na opinião do Padre Dâmaso Lambers, que este ano completa meio século ao serviço das capelanias prisionais, a intenção do Governo não faz qualquer sentido.

Em entrevista à Renascença, o primeiro coordenador nacional da assistência religiosa nas cadeias portuguesas diz que é impossível dissociar o voluntariado da assistência religiosa.

“Os visitadores não vão com uma Bíblia na mão a impingir a palavra de Deus aos reclusos. Não impomos nada, nem obrigamos ninguém a ir à missa ou às nossas reuniões. Trabalhos totalmente como oferta”, sublinha o Padre Damaso Lambers.

Sistema prisional não reabilita os reclusos

A prisão não ajuda a reabilitar os reclusos, garantem os padres que prestam assistência religiosa nos estabelecimentos prisionais, reunidos em Fátima.

Com a construção de novas cadeias, o aumento da criminalidade e a publicação de leis como a que regerá a assistência religiosa, é necessário encontrar novas formas de ajudar a reabilitar os reclusos, considera o Padre João Gonçalves, Coordenador Nacional da Pastoral Penitenciária.

“A nossa lei, e o sistema em si, estão muito voltados para a penitenciária, para o castigo e não para a reabilitação das pessoas. A nossa sociedade tem de dar uma volta muito grande no sentido de perceber que é da responsabilidade de todos a reabilitação destas pessoas”, considera o Pe. João.

Para este responsável, “é urgente que as dioceses se organizem neste processo. A pastoral social das nossas dioceses não pode ficar só com as valências clássicas, temos de enveredar por aqui.

A execução das penas na recuperação do delinquente e a contribuição da fé para a cura são alguns dos temas para reflexão num encontro que contará com a presença da directora geral dos serviços prisionais e D. Carlos Azevedo, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social.

 

Data de introdução: 2009-01-17



















editorial

TRANSPORTE COLETIVO DE CRIANÇAS

Recentemente, o Governo aprovou e fez publicar o Decreto-Lei nº 57-B/2024, de 24 de Setembro, que prorrogou, até final do ano letivo de 2024-2025, a norma excecional constante do artº 5ºA, 1. da Lei nº 13/20006, de 17 de Abril, com a...

Não há inqueritos válidos.

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

A segurança nasce da confiança
A morte de um cidadão em consequência de tiros disparados pela polícia numa madrugada, num bairro da área metropolitana de Lisboa, convoca-nos para uma reflexão sobre...

opinião

EUGÉNIO FONSECA

A propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza
No passado dia 17 de outubro assinalou-se, mais uma vez, o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza. Teve início em 1987, quando 100 000 franceses se juntaram na...