O presidente Obama anunciou, há dias, o envio próximo de mais 12.000 soldados para a missão da NATO no Afeganistão. Com este reforço, o contingente militar norte-americano neste país, atingirá os 50.000 homens As notícias referentes a esta decisão da Casa Branca não fizeram referência a qualquer reacção da opinião pública. Embora, neste momento, o perigo para os combatentes americanos no Afeganistão seja mais grave do que no Iraque, parece que o povo aceita mais resignadamente a intervenção militar no país dos talibãs.
O novo presidente não pode ser acusado de ter mentido aos eleitores. Desde o início da campanha eleitoral que ele defendeu a aceleração do processo de saída do Iraque e de um empenhamento mais profundo no Afeganistão, a fim de evitar o regresso dos chamados “estudantes de teologia” ao poder e impedir o desenvolvimento do terrorismo internacional. Tratava-se de uma opção que, apesar dos riscos que envolveria para os soldados norte-americanos e suas famílias, não chegou para pôr em causa o seu triunfo eleitoral. Obama ganhou, entre outras razões, por ter sido sempre contra a guerra no Iraque, mas não foi penalizado por ser a favor da continuação e do reforço da presença militar no Afeganistão.
Não há, certamente, uma contradição clara entre estas duas opções, mas não deixa de de ser interessante perguntar porque é que as mortes no Afeganistão não tiveram ainda o mesmo impacto emocional e fracturante que as mortes no Iraque tiveram e ainda têm na opinião pública norte-americana e mundial. Entre outras razões, naturalmente, porque ainda não se podem comparar, em termos quantitativos e mediáticos.
A decisão de enviar mais 12.000 solados para o Afeganistão, ou 17.000, como preferem dizer outros, significa, antes de mais, que Washington não aceitará o regresso dos talibãs ao poder. É um aviso claro aos responsáveis pela guerrilha e pelo terror. Obama tem pressa em estabilizar definitivamente aquele país e garantir que o número de soldados americanos mortos naquele país não vai crescer. Caso contrário, pode acontecer-lhe o que aconteceu a Bush.
Rapidamente e em força para o Afeganistão, parece ser a palavra de ordem do novo presidente, em matéria de combate ao terrorismo. O problema é que os americanos acabarão por recordar do que lhes aconteceu, depois de apoiarem entusiasticamente Georges W Bush, quando este fez o mesmo apelo, relativamente ao Iraque…
António José da Silva
Data de introdução: 2009-07-12