Portugal está entre os melhores da Europa na colheita e no transplante de órgãos. Nos últimos três anos, o país registou avanços notáveis ao nível da colheita e hoje é apontado como "uma história única de sucesso".
A Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação (ASST) há muito que estabeleceu a meta para 2009: atingir os 30 dadores por milhão de habitante. Uma fasquia tida com o intransponível, há três anos, fruto da estagnação que durante uma década tolheu o crescimento do transplante em Portugal, mas hoje praticamente cumprida face ao balanço do primeiro semestre.
Até Julho, verificou-se um aumento de 17,3% de actividade face a igual período de 2008, o que significa a realização de mais 156 colheitas em relação ao ano anterior. "Qualquer outro crescimento noutra área está apenas dependente das políticas assumidas", explicou Maria João Aguiar, coordenadora nacional das unidades de colheita da ASST, ao JN. "No caso da transplantação, todos os objectivos passam necessariamente pelo que faz mexer a máquina: o órgão", acrescentou , chamando a atenção para "os enormes avanços" registados nos últimos três anos.
"A transplantação esteve estagnada durante praticamente dez anos", explicou a coordenadora da ASST. "A colheita manteve-se estagnada ao nível de 20 órgãos por milhão de habitante ao longo de vários anos". A reorganização das unidade de colheita a nível nacional permitiu o salto de Portugal para o pelotão da frente da União Europeia.
Das 20 colheitas por milhão de habitante, Portugal passou para as 24, depois para as 27, para chegar às 30, este ano. "Somos hoje uma história de sucesso única na Europa", congratula-se Maria João Aguiar, que imputa a boa prestação de Portugal ao facto do trabalho da reorganização das colheitas e dos transplantes ter sido entregue a técnicos, dos que verdadeiramente conhecem o terreno. "Raras vezes se conseguiu que fosse dada a oportunidade aos técnicos que conhecem os problemas", disse.
Nos programas de rim, por exemplo, Portugal ultrapassou os 500 transplantes anuais. Não dá para ter um impacto nas listas de espera, mas serve para "contrabalançar a quantidade de novos doentes que todos os anos engrossam a espera".
Também o transplante hepático registou um "crescimento extraordinário", não só pela maior quantidade de órgãos disponíveis, fruto da maior eficiência da colheita, mas sobretudo graças "à ginástica das equipas médicas", reconhece a médica. Hélder Trindade, coordenador do Centro de Histocompatibilidade do Sul, destacou ao JN a "evolução muito favorável" das colheitas e dos transplantes em Portugal, ainda mais quando o número de dadores cadáveres politraumatizados tem vindo a diminuir. "As listas de espera têm estado estáveis, nalguns casos até têm diminuído", nota.
Expressão desta realidede é a comemoração do milésimo transplante do Centro de Transplantação Hepática do Hospital Curry Cabral, ontem e hoje, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Fonte: Jornal de Notícias
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