"Portugal, como toda a Europa, precisa de imigrantes para ter futuro. Os imigrantes são um excelente contributo, não só para a demografia, porque Portugal é um dos países mais envelhecidos da União Europeia, mas também para a nossa economia e para a o nosso enriquecimento cultural", disse Rosário Farmhouse, contactada a propósito do Dia Internacional do Migrante, que se assinala a 18 de Dezembro.
"É com eles que vamos conseguir um Portugal melhor. Em tempo de crise, não podemos desperdiçar capital humano e os imigrantes são um excelente contributo para nos ajudar a dar a volta às dificuldades", acrescentou.
Para a alta comissária, Portugal "tem sido um país de referência ao nível do acolhimento de imigrantes, embora seja uma tradição relativamente recente, desde os finais da década de 90".
Nessa altura, o fluxo migratório que começou a procurar mais Portugal veio do Leste da Europa, o que colocou problemas novos relativamente aos imigrantes tradicionais, que vinham maioritariamente dos países africanos de língua oficial portuguesa.
Tratava-se de "uma comunidade que não falava a língua portuguesa e o maior desafio foi apostar em aulas de português para comunicar", por exemplo com o programa "Português para todos", concretizado com a ajuda de fundos europeus.
Mas "todos os imigrantes enfrentam desafios à sua integração, que vão desde a procura de trabalho, à regularização da sua situação, até encontrar escola para os filhos", salientou a alta comissária.
Para Rosário Farmhouse, é um dos exemplos de como Portugal "é um país muito criativo, inovador e eficaz nas suas políticas de imigração e acolhimento de imigrantes".
Lembrando que a integração só se faz com "parcerias e pessoas que se empenham em prol desta causa", Rosário Farmhouse invocou o veredicto do relatório das Nações Unidas de 2009 sobre Desenvolvimento Humano, que citou Portugal como um dos países mais "generosos" no acolhimento aos imigrantes.
Em relação ao estado do mundo no que toca aos fluxos migratórios, Rosário Farmhouse argumentou que a situação é de relativa normalidade.
"Não estamos num movimento maciço de populações. Há deslocações porque ainda não há igualdade de oportunidades para todos no mundo. Como portugueses, sabemos bem o que isso é e continuamos a ser um país de emigrantes", declarou.
"Durante muitos anos, partimos para todo o Mundo, e continuamos a partir. Só que desde há uns anos, assumimos uma dupla faceta, de país de partida, mas também de acolhimento", rematou.
Fonte: Público
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