Por cada hora que passa morrem, em Portugal, três pessoas vítimas de acidente vascular cerebral (AVC), doença que Pedro Monteiro, especialista dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), caracteriza como um problema de saúde pública.
"Dada a enorme incidência de acidentes vasculares cerebrais e a elevada mortalidade e incapacidade que causam é garantidamente um problema de saúde pública", disse, ontem, o cardiologista.
De acordo com os dados disponíveis, ocorrem em Portugal cerca de 400 acidentes vasculares cerebrais por dia, 20% dos quais fatais, o que dá cerca de três óbitos por hora. Ainda de acordo com os mesmos dados, cerca de 60% dos AVC deixam doentes incapacitados.
Pedro Monteiro assinala o número "muito elevado" de doentes que sofrem um AVC anualmente, frisando que as campanhas de prevenção e sensibilização para a doença, embora representem um "esforço muito importante", têm falhado no objectivo de reduzir as taxas de incidência da doença.
"A prevenção passa por cada um de nós, como possível futuro doente com AVC. Cada um de nós, desde tenra idade, deve adoptar hábitos de vida saudáveis".
Entre os principais factores de risco associados à doença contam-se a hipertensão arterial, "cuja probabilidade aumenta ao longo da vida", mas também as arritmias - como a fibrilhação auricular, uma perturbação da frequência e ritmo cardíaco -, responsáveis por um em cada quatro acidentes vasculares cerebrais.
"Esta arritmia é mais frequente quanto mais idosa for a população, mas é um aspecto menos divulgado das causas de AVC", disse Pedro Monteiro.
Segundo o especialista, as arritmias cardíacas como a fibrilhação auricular podem levar à formação de coágulos na corrente sanguínea, que "podem migrar para as artérias do cérebro e provocar um AVC".
As pessoas, diz o especialista, tendem a desvalorizar a existência de uma arritmia, apelando a que médicos e doentes estejam "mais atentos" a uma situação "claramente subdiagnosticada" em Portugal.
"Um simples electrocardiograma permite diagnosticar parte importante dessas arritmias", garantiu, acrescentando que "existem tratamentos que permitem reduzir significativamente o risco de AVC ligado à fibrilhação auricular".
Comemora-se hoje o Dia Nacional do Doente com Acidente Vascular Cerebral, numa altura em que as doenças cardio e cerebrovasculares continuam a ser a principal causa de mortalidade em Portugal, sendo responsável por cerca de 36% de todos os óbitos.
A maior parte das doenças cardiovasculares resulta de um estilo de vida inapropriado e de factores de risco como o sedentarismo, falta de actividade física diária, alimentação desequilibrada, tabagismo ou a hipertensão arterial, entre outros.
Fonte: Jornal de Notícias
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