CENTRO SOCIAL DE S. FÉLIX DA MARINHA, VILA NOVA DE GAIA

Instituição comemora 25 anos de serviço à comunidade

No coração do segundo maior concelho do país em termos populacionais, o Centro Social de S. Félix da Marinha, em Vila Nova de Gaia, nasceu da ambição de um grupo de residentes que se reuniam num café da zona e que constataram a falta de um equipamento de natureza social na freguesia. As prioridades ficaram desde logo definidas: infância e terceira idade, dois eixos que no final da década de oitenta não tinham qualquer apoio naquele local.

Sem dinheiro e sem terreno, o grupo delineou uma estratégia de acção assente na boa vontade de todos. Assim partiram para a primeira fase do que na altura não passava de uma ideia. “As primeiras dificuldades surgiram na procura de um terreno com viabilidade para construção e ao fim de algumas tentativas os fundadores conseguiram chegar à fala com um benfeitor que, por sua vez, conseguiu que os pais doassem um terreno que possuíam no lugar da Bela, com cerca de quatro mil metros quadrados”, recorda Manuel Ribeiro, antigo director e actual funcionário do Centro.
A oito de Agosto de 1985 foi formalmente constituída a associação e com ela concretizou-se a doação do terreno para construção das futuras instalações.

Sendo aquela a quarta maior freguesia do concelho em território e a oitava (o concelho de Vila Nova de Gaia é constituído por 24 freguesias) em população (com 14 mil habitantes), o entusiasmo era grande, até porque não existia nada do género. “No início, o grupo reunia-se em casa de algumas pessoas, ora aqui, ora acolá, e aproveitavam para divulgar o projecto e arranjar pessoas que quisessem colaborar”.

Havendo terreno, faltava projecto, que acabou por ser oferecido por um arquitecto. No entanto, só ao fim da terceira rectificação é que conseguiu luz verde da Segurança Social para avançar.
As actuais três valências são as que foram previstas inicialmente: jardim-de-infância, centro de dia e apoio domiciliário. A construção começou em 1992, após o projecto ter sido inscrito em PIDDAC. Feitas as contas, foram precisos cerca de um milhão e 130 mil euros, entre a construção do edifício, aquisição de equipamento e viaturas de trabalho. Além do financiamento governamental, a instituição também recebeu apoio da autarquia de Vila Nova de Gaia, do Governo Civil do Porto e da junta de freguesia local.

“Iniciámos a nossa actividade em Setembro de 1995, com uma dezena de utentes na valência de centro de dia e essa data foi um marco para nós”, diz o responsável. Desde esse dia foi sempre a crescer. Actualmente, a instituição de solidariedade social conta com 60 utentes em centro de dia, 80 em regime de serviço domiciliário e 60 crianças em jardim-de-infância, num total de mais de duas centenas de famílias com apoio diário. Aos idosos, o Centro proporciona ainda assistência médica e de enfermagem, além da higiene pessoal nos casos em que a pessoa não é autónoma ou não reúne condições em casa para o fazer.

“Temos muita gente em apoio domiciliário e uma lista de espera razoável, com muitas pessoas acamadas e dependentes a precisar de ajuda”, explica Manuel Ribeiro. Esta valência integra os serviços de alimentação, higiene pessoal, habitacional e tratamento de roupas, consoante as necessidades de cada utente. Ao fim-de-semana, mantém-se o serviço às pessoas com maior necessidade e sem retaguarda familiar. Neste caso, a área de abrangência estende-se às freguesias limítrofes.

Uma animadora sócio-cultural desenvolve diariamente um conjunto de actividades para os idosos em centro de dia, com o objectivo de estimular as capacidades cognitivas e motoras de cada um. “Desde a pintura, ao desenho, aos trabalhos em barro, em papel, às saídas ao exterior, tentamos com que as pessoas estejam ocupadas, dentro dos limites das suas capacidades e vontades pessoais”.
Apesar de terem passado 25 anos, a oferta social na freguesia continua a ser da exclusiva responsabilidade da instituição, segundo Manuel Ribeiro. “Agora existe a rede pré-escolar pública para as crianças, mas funciona das nove até às cinco da tarde e os pais estão a trabalhar a essas horas, pelo que a maioria prefere colocar cá os filhos”.

Com 35 funcionários e um milhar de sócios no activo, a instituição quer continuar a modernizar-se e já existe um projecto para remodelar as instalações, oferecido pela Câmara de Gaia. “Candidatamo-nos ao QREN, mas vimos o projecto reprovado e agora estamos em fase de reformulação para nos candidatarmos ao programa POPH”. A ideia é que esta reformulação permita alargar as valências e lançar um novo serviço de apoio à comunidade, que rentabilize os recursos humanos da instituição. “Gostávamos de abrir um centro de assistência à comunidade, que ajudasse as pessoas da freguesia a resolver assuntos do dia-a-dia, como, por exemplo, preencher documentos via internet ou em papel”, explica o responsável e adianta que esse serviço já é prestado aos utentes da instituição.

O projecto de reformulação das instalações prevê um orçamento a rondar os 150 mil euros, valor que o Centro pretende alcançar com subsídios governamentais e a ajuda de benfeitores.
Quanto aos 25 anos de vida, Manuel Ribeiro considera que é um marco para uma instituição que nasceu das conversas de um grupo de amigos num café da zona. “Todos os anos comemoramos o nosso aniversário, mais ou menos da mesma maneira, mas achamos que os 25 anos deviam ser comemorados com uma cerimónia mais solene e convidamos todos os sócios”. Na cerimónia participaram cerca de 240 pessoas e foram homenageadas meia centena de entidades e indivíduos que contribuíram para o crescimento e consolidação do Centro Social. No discurso de homenagem, Ana Pinho, presidente da direcção, deixou uma mensagem de incentivo dirigida a todos aqueles que se lançam em projectos solidários, apesar das dificuldades que isso possa representar: “mais vale acender uma vela do que lamentar a escuridão”.

Texto e fotos: Milene Câmara

 

Data de introdução: 2010-11-10



















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