OPINIÃO

Listas de espera para matar a fome?

Hoje, dia 30 de Novembro, antes de começar a escrever esta crónica, aconteceu-me ouvir num programa de rádio a seguinte informação, que me entristeceu muito!
Alguém, em representação de uma Paróquia, dizia: “nós temos duas listas de espera: a lista provisória e a lista definitiva”. No decorrer da entrevista percebi que para ter sorte era preciso ser incluído na “lista definitiva”. Ou seja: poder ter uma refeição diária com alguma garantia! Depreende-se que os da “lista de espera provisória” só teriam direito a comer se os donativos fossem muitos ou então, por desistência de alguém da “lista definitiva”!

E o que me entristeceu não foi a notícia, mas sim a crueza da realidade, que todos nós sabemos acontecer!
Não me resigno a imaginar o meu país transformado num país de pedintes a estender a mão à solidariedade das pessoas de boa vontade e algumas possibilidades que entendem (e bem) que, por exigência ética, devem partilhar um pouco do que têm para que outros, sem nada terem, possam ter acesso a um direito tão simples como alimentar-se a si e à sua família, tamanhas são as carências que uma crise social gravíssima vem afectando milhares e milhares de famílias!

Sempre que ouço falar da “dívida soberana”, como se fosse uma fatalidade que o destino nos reservou, sinto uma revolta interior: então sucessivos Governos do nosso Estado, por nós eleitos e pagos, deixaram-nos em herança negra um calote astronómico que terá de ser pago, com língua de palmo, por várias gerações… e a única explicação que nos dão é esta: temos de apertar o cinto para cumprirmos um novo desígnio nacional pomposamente apelidada “dívida soberana”???
Bem sei que a pobreza e as extremas carências que afectam o dia-a-dia de tantos portugueses não se compadecem com atrasos no acesso a bens essenciais de sobrevivência que, felizmente, ainda lhes vão chegando graças à generosidade e a múltiplas iniciativas solidárias de imensa gente!

Porém, seria um salutar acto de cidadania participativa usarmos e até abusarmos da credibilidade que nos é conferida pelas nossas acções solidárias para, cada vez mais, nos tornarmos militantes da denúncia de quem vai a votos para governar e nos desgoverna e de quem tem sido, através de manhosas e sofisticadas técnicas, tem agravado as desigualdades sociais, essa guilhotina assassina da justiça e do bem-comum, aproveitando recursos dos mais pobres para os desviar em proveito de sacrílegas fortunas!

Pe. José Maia

 

Data de introdução: 2010-12-13



















editorial

DIA DA CNIS – CONCLUSÕES

Os dirigentes das Instituições têm a seu cargo uma tarefa complexa, no que toca à gestão das Instituições que dirigem. Trata-se de um contexto de gestão que não deixa praticamente espaço para a liberdade de...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

O VOLUNTARIADO, EM PORTUGAL, MERECE MAIOR RECONHECIMENTO
Com a finalidade de promover e valorizar o voluntariado em Portugal, através da seleção de um Município Português, como “Capital Portuguesa do...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

SUSTENTABILIDADE DA SEGURANÇA SOCIAL: Não quero crer que haja bruxas
O debate sobre a sustentabilidade da segurança social regressou mais uma vez à agenda política, com a criação pelo Governo de um grupo de trabalho com a missão de...