Os inquiridos num estudo da Deco sobre a adopção esperaram, em média, três anos para receber a criança. Os candidatos a pais queixam-se de esperar tempo a mais e do tipo de informação pedida para avaliar a candidatura. O estudo da associação de defesa do consumidor, que será publicado na revista Proteste de Fevereiro, decorreu entre Maio e Outubro de 2010 e procurou conhecer a opinião de quem passou pela experiência da adopção nos últimos cinco anos.
A Deco apelou à participação de interessados através das revistas e da Internet e contou com a ajuda da Associação Meninos do Mundo, tendo recebido 184 questionários. Dados do Instituto de Segurança Social referem que, em 2008, havia 528 crianças à espera de pais adoptivos, 118 envolvidas num processo e 580 já a viver com os potenciais pais em pré-adopção. Em contrapartida, 2.346 candidatos aguardavam por uma criança. "Com o nosso estudo investigámos o que motiva alguém a querer adoptar, os seus receios, os obstáculos e os aspectos positivos e negativos do processo, com vista a identificarmos o que pode e deve mudar", referem os autores do estudo.
Os inquiridos esperaram, em média, três anos. Mas 12 por cento aguardaram mais de cinco anos. A grande maioria concorda com a adopção internacional, bem como por casais que vivem em união de facto e solteiros. Quanto à adopção por casais homossexuais, as opiniões dividem-se: pouco mais de metade é a favor.
Dar um bom lar a uma criança que vive institucionalizada é a principal motivação dos pais adoptivos (70%), seguindo-se uma família (59%) e ultrapassar problemas de fertilidade (35%). Um terço dos inquiridos estava em processo de adopção. Destes, a maioria já tinha sido aceite como candidato e aguardava uma criança. Em média, estavam à espera há dois anos, mas um quarto dos candidatos mantinha-se na expectativa há mais de quatro anos. "Daí não estranharmos que quase um quinto pondere desistir caso o processo se prolongue por muitos anos. A maioria considera aceitável entre um e três anos de espera", adiantam os investigadores.
O principal factor que pode levar a desistir é a idade da criança. Em média, os três anos são a idade considerada aceitável, mas muitos candidatos estão dispostos a ficar com crianças com mais de cinco anos. Apesar de uma forte motivação, várias preocupações persistem: mais de metade aponta a dificuldade de conseguir aguentar a espera do processo. Ter a certeza de que os pais biológicos não podem reaver a criança e esta não apresentar problemas de saúde mental nem eventuais sequelas psicológicas graves devido ao tempo vivido na instituição são outras preocupações manifestadas.
Oitenta por cento pretende evitar crianças com problemas de saúde mental. Cerca de metade apontou ainda a deficiência física ou a criança ainda ter contacto com os pais biológicos. Cerca de metade dos participantes já adoptou uma criança. A grande maioria optou pela adopção nacional. Esta escolha é o oposto do verificado noutros países europeus onde o estudo também foi feito. Em média, gastaram 138 euros para a adopção nacional e pouco mais de 3.000 na internacional. No último caso, o maior custo envolveu as viagens, mas também pode ser necessário pagar traduções ou constituir advogado.
Data de introdução: 2011-01-27