Apesar dos avanços registados nas últimas décadas, as mulheres não têm ainda o mesmo peso que os homens na vida política. Não são tantas como os homens na chefia dos estados ou na chefia dos governos. Não são em tão grande número como os homens na liderança dos partidos e no número de deputados, e o mesmo se diga relativamente à composição dos ministérios e respectivas direcções gerais. Trata-se de uma situação comum à maioria dos países, sujeita, no entanto, a grandes variações.
Vem isto a propósito da escolha de um novo director para o FMI, na sequência do pedido de demissão de Dominique Strauss Kan, pelos motivos que são sobejamente conhecidos. Ora acontece que o nome mais falado para este cargo de grande prestígio e responsabilidade internacional é o de uma mulher: Cristine Lagarde, uma francesa que foi ministro das Finanças do governo de Sarkozi.
A nomeação do novo director será fruto de uma escolha dos representantes de todos os países que fazem parte deste organismo internacional. A eleição pode até ser demorada, mas, para já, a candidata francesa parece ser quem tem mais hipóteses de ser ecolhida. Cristine Lagarde tem prestígio pessoal e político suficiente para ser a nova presidente do FMI.
Aquilo que dissemos acerca do ainda menor peso político das mulheres na sociedade, se comparadas com os homens, tem muitas explicações, e não vem para aqui enunciá-las todas, até porque muitas seriam polémicas. Mas uma coisa parece indiscutível: a política será uma das áreas de cada vez maior intervenção das mulheres. Aliás, as experiências conhecidas favorecem claramente este prognóstico.
Em eleições, sejam elas de que tipo forem, ser mulher já deixou de constituir um obstáculo, para se tornar um factor positivo no combate político. Atenta-se, entre outros casos, ao que aconteceu recentemente no Brasil e na Argentina, como já tinha ocorrido antes no Chile. Na Irlanda, a presidência da República é exercida por uma mulher, e mulheres ocupam ministérios importantes em governos de países como o dos Estados Unidos e da Espanha. Aqui, o ministério da Defesa é dirigido por uma mulher, enquanto na estrutura do “governo” da União Europeia, a política externa foi entregue a uma mulher. São apenas alguns casos, entre muitos.
Muitos pensam que uma maior presença das mulheres no mundo da política será um factor positivo, mas há quem não seja assim tão optimista. Talvez por temerem que as mulheres cabem por imitar os homens. Também na política…
António José da Silva
Não há inqueritos válidos.