OPINIÃO

As certezas dos ditadores

Tudo indica que a guerra civil que se abateu sobra a Líbia, já lá vão alguns meses, se aproxima do fim. Pelo menos, é o que deixam perceber as notícias que chegaram daquele país nos últimos tempos e que dão conta de que as forças rebeldes estão em vias de vencer o que resta dos grupos fiéis a Kadafi.

No entanto, estas notícias são recebidas, geralmente, com algum cepticismo. Desde o início do conflito que a situação, do ponto de vista militar, foi sempre muito fluida, o suficiente para a opinião pública não acreditar que o ditador líbio estava mesmo a ser derrotado, como muitos pretendiam. A rebelião tardava em chegar à capital do país, e enquanto isso não acontecesse, ninguém se atrevia a fazer prognósticos acerca do termo do conflito.

Entretanto, chegou a notícia de que os rebeldes tinham ocupado, finalmente, a cidade de Tripoli, o que deu motivo a intensas manifestações de regozijo por parte de quantos se batiam, desde há meses, contra um regime ditatorial que durava há quarenta anos. Já não havia dúvidas quanto à queda de Kadafi, e esta significaria o fim do regime. Só que o ditador tinha ainda seguidores fiéis, mesmo que poucos, em algumas áreas do país Embora a relação de forças tivesse mudado radicalmente, não se podia falar ainda de uma nova Líbia.

No momento em que escrevemos este texto, os combates, embora esporádicos e circunscritos praticamente a Sirte, terra natal de Kadhafi, não terminaram de todo. O paradeiro do ditador permanece ainda desconhecido e, pelos vistos, ele não desiste de afirmar, contra todas as evidências, que ainda detém o poder e a confiança do seu povo, numa reacção que traz à memória os últimos e loucos dias do regime de Sadam Ussein, o ditador iraquiano.

Neste cenário, é realmente difícil não evocar o fim do regime de Sadam Husseim. Já a guerra estava perdida, já o mundo testemunhara a entrada dos americanos em Bagdad e os líderes do regime continuavam ainda a fazer exaltantes discursos de vitória. Kadhafi, ou alguém por ele, utiliza a mesma estratégia, para se convencer a si próprio ou para convencer os seus seguidores de que ainda não perdeu e que vale a pena lutar.
É uma “certeza” que pode prolongar a guerra e tornar ainda mais dolorosas as suas consequências.

Por: António José da Silva

 

Data de introdução: 2011-09-13



















editorial

NO CINQUENTENÁRIO DO 25 DE ABRIL

(...) Saudar Abril é reconhecer que há caminho a percorrer e seguir em frente: Um primeiro contributo será o da valorização da política e de quanto o serviço público dignifica o exercício da política e o...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Liberdade e Democracia
Dentro de breves dias celebraremos os 50 anos do 25 de Abril. Muitas serão as opiniões sobre a importância desta efeméride. Uns considerarão que nenhum benefício...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Novo governo: boas e más notícias para a economia social
O Governo que acaba de tomar posse tem a sua investidura garantida pela promessa do PS de não apresentar nem viabilizar qualquer moção de rejeição do seu programa.