O México é um país com dois milhões de quilómetros quadrados e mais de cento e dez milhões de habitantes, com um PIB que ocupa o décimo terceiro lugar no ranking mundial. Não obstante a pobreza que atinge uma parte significativa da sua população, o México faz parte das chamadas potências emergentes, graças a uma economia expansiva e variada em que a produção de petróleo tem um peso significativo, mas apresenta hoje sinais de uma enorme e perigosa debilidade. Tudo porque não tem conseguido impor-se aos bandos que dominam o negócio do narcotráfico, que transformou aquele país num dos mais inseguros e perigosos do mundo.
Aparentemente, as forças da ordem, ou pelo menos uma parte delas, já se “renderam” a esses bandos e o mesmo está a acontecer aos “Media”. As primeiras são acusadas de pactuar e até de colaborar no cenário de violência que sistematicamente golpeia o país. Os segundos dão sinais, cada vez mais repetidos, de estarem a desistir da sua tarefa de denunciar, com a coragem necessária, a guerra suja levada a cabo pelas redes de traficantes. As ameaças e os ataques a jornais e a jornalistas acabaram por amedrontar e tolher proprietários e profissionais dos órgãos de comunicação.
O elevado número de vítimas às mãos dos narcotraficantes, criou e ampliou um clima de medo que se traduz no seu relativo silêncio, perante a guerra que estes declararam ao Estado. Nem mesmo as chamadas redes sociais parecem escapar aos efeitos das ameaças que os narcotraficantes fazem repetidamente aos homens e mulheres que continuam ainda a resistir e a denunciar os horrores de uma guerra que eles pretendem vencer a qualquer preço.
Com a grande vantagem do anonimato, Facebook, Twiter e outras redes sociais acabaram por se tornar o último espaço disponível para a divulgação das notícias e comentários sobre uma situação que põe em causa o próprio Estado. Por isso, os narcotraficantes estão a oferecer chorudas recompensas a quem denunciar os seus autores.
Quando, e se um dia conseguirem dominar essas redes, o México fica refém dos traficantes. Definitivamente.
A. J. Silva
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