Passou há dias o décimo aniversário do início da segunda guerra do Iraque. E dizemos segunda, porque em 1990 tinha havido uma primeira também liderada pelos Estados Unidos, dessa vez, e ao contrário da última, com o apoio da comunidade internacional.
A passagem deste aniversário foi um bom pretexto para se fazerem análises mais ou menos serenas a um conflito que apaixonou uma opinião pública praticamente unânime na condenação dos Estados Unidos e, sobretudo, do seu presidente, Georges W. Bush.
Uma das vozes que se fizeram ouvir contra o desencadear dessa guerra foi a do Papa João Paulo II. Não se envolvendo na discussão dos motivos invocados pelo então presidente americano para a justificar, nem nas razões daqueles que a condenavam, o Papa pronunciou uma frase que vale a pena recordar, particularmente hoje: “ sabe-se sempre como uma guerra começa, mas nunca se sabe como ela acaba.”
Esta segunda guerra do Iraque começou a 20 de Março de 2003 e, oficialmente, terminou a 18 de Dezembro de 2011. Foi muito mais tempo do que queriam e imaginavam americanos e ingleses, que formaram a coligação militar encarregada de derrubar Sadam Hussein e criar condições para a emergência de um regime e de um governo democrático. E, sobretudo, teve consequências muito mais graves do que os seus governos poderiam ter imaginado, pelo menos no que respeita ao número de mortos e feridos, quer militares, quer civis. Nos últimos dias, os meios de comunicação encarregaram-se de o lembrar repetidamente
Nos primeiros tempos da guerra, e com a captura de Sadam Hussein, chegou a parecer que esta seria breve, embora se soubesse que uma guerra sujeita a uma cobertura mediática como esta foi, nunca daria a sensação de ser breve. Pode dizer-se que, em termos militares propriamente ditos, se tratou realmente uma guerra curta, mas o pior estava para vir. O fim das operações deu lugar a uma violência cega, a um sectarismo irracional que fez muito mais vítimas entre os iraquianos do que os combates travados até então.
Hoje, ao fazer a história desta guerra, as palavras de João Paulo II têm plena justificação: “sabe-se sempre como uma guerra começa, mas nunca se sabe como ela acaba”.
António José da Silva
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