Mas, pelo sim pelo não, cá vai esta prosa que o Secretário de Estado-Adjunto do Ministro da Segurança Social, Família e Criança, de seu nome Marco António Costa, entendeu por bem produzir em Montemor-o-Velho numa reunião de autarcas e responsáveis de instituições particulares de solidariedade social (terá tido palmas?).
É este o seu teor: " é insustentável para o país continuar a financiar equipamentos de apoio social".
O governante, apesar de ter passado à condição de demitido uns dias depois de ter sido empossado, confessou que foi precisa muita coragem para usar esta "linguagem forte" para fazer passar a mensagem da necessidade de incorporar voluntários nas IPSS, cuja mobilização é essencial para que "baixem significativamente" os custos de funcionamento de creches, centros de tempos livres ou lares de terceira idade.
Alguém poderá ficar insensível a este "grito patriótico" de quem, incapaz de reduzir o déficit do Estado, vem pedir às IPSS que despeçam os seus trabalhadores (encontrando dinheiro para os indemnizar e empurrando-os para o fundo de desemprego), substituindo-os por voluntários, para ficar mais baratinho?
Não vá o diabo tecê-las, até porque pode haver mais gente que leia pela mesma cartilha que ele, até noutros partidos, talvez não fosse má ideia a direcção da CNIS interpelar quem nos vai apresentar promessas eleitorais para o caso de ser Governo, no sentido de se pronunciar sobre o papel que está reservado às IPSS na prestação de acção social nos seus equipamentos, com que regras e em que condições de financiamento o Estado quer a colaboração destas Instituições de Solidariedade.
Todos temos consciência da necessidade e até urgência em mobilizar mais voluntariado para os quadros dirigentes das IPSS, até porque um reforço e uma renovação de dirigentes repercutir-se-á em melhor gestão e na qualificação dos serviços prestados.
Porém, não pode o Estado, por um lado, pretender substituir técnicos por voluntários e, por outro, quando algumas Instituições se propõem gerir os seus equipamentos um pouco à margem do quadro de pessoal de referência, ameaçam logo suspender os Acordos de Cooperação!
Em que ficamos, afinal?
Data de introdução: 2005-01-25