A Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) quer implantar planos anti-tabágicos nos serviços de saúde, porque apesar da proibição legal de fumar nos hospitais, médicos e doentes ignoram a lei.
Com esse objectivo está a ser feita a divulgação da Rede Europeia dos Serviços de Saúde Sem Tabaco (RESSST), a que Portugal aderiu recentemente, organizada pelo grupo de trabalho de tabagismo da SPP.
Segundo o seu coordenador, Salvador Coelho, aquela rede engloba hospitais e serviços de saúde livres de tabaco, ou pelo menos, onde se observam restrições. "Em Portugal ainda não existe nenhum, apesar da legislação que proíbe fumar nos hospitais e, se as pessoas respeitam essa proibição nos transportes públicos, seria importante que os hospitais tivessem também um papel na prevenção primária".
Segundo Salvador Coelho, pneumologista no Hospital de Santa Marta, na unidade hospitalar onde trabalha 25 por cento dos médicos fumam e "infelizmente nem todos têm o cuidado de ir lá para fora, sobretudo os que não encaram a possibilidade de deixar de fumar".
Será caso para aplicar o provérbio popular "olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço", dado que "os fumadores apresentam 85 por cento de riscos de desenvolver cancro do pulmão e 80 por cento de probabilidade de sofrerem de um ataque do coração antes dos 45 anos".
"Os médicos são uma classe profissional que fuma muito porque é uma profissão de grande desgaste, que está sujeita a muito stress e o tabaco é uma das formas de o mitigar", reconhece Salvador Coelho. Seja como for, o pneumologista defende que é viável ter em Portugal hospitais livres de tabaco, desde que médicos e doentes façam um esforço para não fumar e procurem ajuda para deixar o vício.
Em Portugal já há cerca de uma centena de consultas em hospitais e centros de saúde que podem ajudar, praticamente em todos os distritos e o movimento tem vindo a crescer. "Só no Hospital de Santa Marta temos mais de 300 consultas por ano", esclareceu Salvador Coelho.
Data de introdução: 2005-01-20