TRÂNSITO

Trauma rodoviário deve ser questão de saúde pública

Cerca 30 associações uniram-se para lançar hoje o repto da "Estrada Viva - Liga Contra o Trauma" aos partidos políticos, com o objectivo de tornar a questão do trauma rodoviário uma questão de saúde pública. "Reconhecer o trauma rodoviário como um dos grandes problemas de saúde pública" é um passo importante que é necessário dar, de acordo com o presidente da Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M), Manuel João Ramos, em declarações à agência Lusa.

O trauma rodoviário tem sido uma questão "subtraída, um ´não problema´" para o poder político, que não tem reconhecido a existência do trauma causado pelos acidentes rodoviários, disse o presidente da ACA-M. Quando se fala deste problema, não se trata apenas do trauma da vítima na altura do acidente, mas também dos efeitos traumáticos e psicológicos que perduram numa pessoa acidentada (e sua família) ou numa pessoa que ficou com problemas de saúde.

De acordo com Manuel João Ramos, é preciso que o Estado perceba que a sinistralidade é um assunto que ultrapassa as questões da fiscalização e policiamento, tratadas no âmbito do Ministério da Administração Interna. Para o presidente da ACA-M é essencial que o Ministério da Saúde actue no plano do trauma, quer ao nível da prevenção, mas também da educação e dos cuidados prestados. O responsável dá como exemplo a existência de apenas uma equipa de trauma no país, no hospital de S. João no Porto.

A Estrada Viva - Liga Contra o Trauma, que se deu a conhecer numa conferência de imprensa em Lisboa, considera fundamental o reconhecimento colectivo de que a sinistralidade rodoviária é uma "epidemia" com um impacto social sem paralelo em termos de saúde pública em Portugal.

Com base neste pressuposto, a Estrada Viva propõe várias medidas como a implementação efectiva do Plano Nacional de Prevenção Rodoviária. O objectivo último é a aplicação do Plano Horizonte Zero Mortes, um projecto promovido pela Organização Mundial de Saúde e pela Comissão Europeia, órgão executivo dos 25.

Outra pretensão é a criação de uma espécie de Alta Autoridade para a Segurança Rodoviária com a função de coordenar de forma transversal e com poderes vinculativos, as acções de todos os organismos do Estado, em conjunção com entidades privadas e organizações da sociedade civil.

A Estrada Viva pretende também o desenvolvimento de estudos de análise epidemiológica, de repercussão económica e social sobre os acidentes rodoviários e a criação de um sistema integrado de cuidados em trauma.

A criação urgente de livros de normas construtivas de estruturas viárias para orientação das entidades autárquicas é outro objectivo, bem como a revisão "integral e urgente" de toda a sinalização rodoviária do país.

A Estrada Viva exige igualmente a criação de um quadro penal e ou civil de penalização do crime rodoviário aplicável a técnicos e políticos que por omissão ou acção ponham objectivamente em perigo a vida dos utentes das vias rodoviárias.

A Carta dos Direitos da Pessoa Traumatizada e a Carta dos Direitos do Peão são outras pretensões da Estrada Viva que quer ainda a criação de cursos superiores para técnicos de segurança rodoviária e paramédicos.

Há três semanas elementos da Estrada Viva apelaram aos vários partidos políticos para que integrassem nos seus programas com vista às eleições de 20 de Fevereiro algumas das propostas hoje apresentadas.

A Estrada Viva - Liga Contra o Trauma integra várias associações como as Associação Portuguesas de Apoio à Vítima, a Associação Portuguesa de Deficientes, Associação Portuguesa de Enfermeiros de Urgência, bem como a Cruz Vermelha Portuguesa e a Sociedade Portuguesa de Trauma.

 

Data de introdução: 2005-01-26



















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