A Organização Mundial de Saúde (OMS) apelou a 33 países com baixa incidência de tuberculose, entre os quais estão as maiores economias do mundo, para adotarem um novo plano para a erradicação da doença até 2050.
Actualmente, nestes países e territórios, como a Alemanha, França, Itália, Canadá, Estados Unidos ou os Emirados årabes Unidos, são registados em média menos de 100 novos casos de tuberculose por cada milhão de habitantes. "Na maioria destes países, a opinião pública pensa que a doença não existe mais", afirmou, em declarações aos jornalistas, Mario Raviglione, director do programa da OMS para a luta contra a tuberculose.
No entanto, segundo o representante da agência da ONU, 155 mil pessoas ainda contraem a doença e 10 mil morrem anualmente (cerca de 30 por dia) nestes 33 países e territórios. Além disso, milhões de pessoas são portadoras do bacilo da tuberculose sem o saberem e correm o risco de ficarem doentes.
O novo plano proposto pela OMS define uma fase inicial de "pré-eliminação", que consiste na redução do número anual de novos casos de tuberculose, de menos 100 casos para menos de 10 casos por cada milhão de habitantes, até 2035. O objetivo final será a erradicação da doença em 2050, com o registo de menos de um caso anual por cada um milhão de habitantes. "Os países com baixa incidência estão numa posição ideal para fazer descer as taxas a um nível nunca alcançado", referiu Mario Raviglione.
O representante precisou que alguns países europeus, como Portugal e Espanha, não estão considerados neste plano porque "têm taxas tradicionalmente mais altas do que o resto da Europa ocidental", apesar de registarem igualmente uma redução. Em Portugal, a incidência é de 340 novos casos anuais por milhão de habitantes e de 170 em Espanha.
O documento proposto pela OMS será discutido pelos representantes dos países durante uma reunião em Roma, agendada para sexta-feira e sábado. "Espero que tenhamos no sábado à noite um acordo final", afirmou o representante.
O plano da OMS pede às autoridades destes 33 países para assegurarem, entre outros aspectos, o financiamento dos programas de luta contra a tuberculose, a promoção da investigação e o reforço da identificação da doença entre os grupos considerados de risco, onde estão incluídos os imigrantes, os reclusos, os sem-abrigo, os toxicodependentes, as pessoas que tomam imunossupressores e as pessoas que sofrem de subnutrição ou de diabetes.
Para a eliminação da doença, a OMS apela ainda para um reforço significativo dos serviços de prevenção e de tratamento da tuberculose nos países mais pobres.
Em 2012, a tuberculose afectou 8,6 milhões de pessoas, incluindo 450 mil casos de tuberculose multirresistente. No mesmo ano, a doença provocou 1,3 milhões de vítimas mortais em todo o mundo. Mais de 95% dos casos e das mortes ocorreram em países em desenvolvimento e cerca de 60% dos novos casos, à escala mundial, foram registados na Ásia.
A tuberculose é a segunda principal causa de morte no mundo, depois do VIH/Sida (Vírus da Imunodeficiência Humana).
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