A temática é pertinente e perfeitamente atual e os três convidados que preencheram a tarde de trabalhos, para além da riqueza informativa que transmitiram, lograram suscitar o debate e prender a atenção do pouco público presente.
Das três comunicações, talvez a mais reveladora para os presentes tenha sido a de Sílvia Taveira de Almeida sobre a BVS – Bolsa de Valores Sociais, que mais não é do que uma plataforma de encontro entre as instituições sociais necessitadas de financiamento e os investidores sociais, sejam eles individuais ou coletivos.
À semelhança do que acontece com os mercados de mercadorias e de capitais, a BVS “é o ponto de encontro de três grandes tipos de ativistas: os empreendedores sociais, os indivíduos e as empresas”, sustentou a presidente da entidade atualmente detida pela Fundação EDP.
No fundo, a BVS dá resposta à principal questão que cada um daqueles ativista coloca: “Como posso financiar o meu projeto de mudança social? (Empreendedores sociais); Como posso investir na sociedade de forma a ter maior impacto? (Empresas); e Como posso realmente fazer a diferença? (Indivíduos)”.
Em cinco anos de atividade, a BVS tem 59 projetos cotados, 37 projetos financiados, 1815 investidores sociais, 14 empresas investidoras sociais, 1,9 milhões de euros angariados para projetos sociais e 33 mil pessoas beneficiadas diariamente.
A fechar, Sílvia de Almeida revelou as vantagens da Bolsa de Valores Sociais para as instituições sociais: “Diversificação das fontes de financiamento da organização; organização da informação sobre projetos e/ou atividades de forma a torná-los «financiáveis» numa lógica de investimento social; ponte de comunicação entre organização e financiadores; e estruturação da análise e medição de impacto social”.
Recorde-se a propósito deste último item, que a introdução da avaliação de resultados (leia-se impacto social) é uma das grandes alterações que o Portugal 2020 tem relativamente aos anteriores Quadros Comunitários de Apoio.
Por seu turno, Jorge Mayer, do Centro Comunitário de São Cirilo e da Fundação EDP, abordou o programa de voluntariado da elétrica portuguesa numa alocução intitulada «As competências das empresas ao serviço do setor da Economia Social».
O responsável pela gestão do Voluntariado EDP começou por apresentar este programa, referindo que a empresa “concede em média quatro horas semanais a cada trabalhador em horário laborar para trabalho voluntário”, extensível a oito horas, envolve um universo de 12 mil trabalhadores e abrange os 13 países em que a EDP labora, com “o objetivo de colocar o capital humano da EDP ao serviço do Terceiro Setor”.
De seguida, Jorge Mayer abordou o voluntariado de competências, uma das prioridades do programa da EDP, e que no fundo consiste em facilitar o voluntariado nas áreas em que os voluntários são especialistas.
Este tipo de voluntariado é importante para as instituições sociais pois colmata a “falta de recursos para a contratação de serviços qualificados” e estes “permitem às organizações sociais ir mais longe e fazer mais e melhor pelos beneficiários e pela sociedade em geral”. Neste sentido, a Fundação EDP criou as bolsas de eletricistas e de verificadores de eficiência energética.
A fechar, Maria Alvim, secretária-geral da Associação Albergues Nocturnos do Porto, deu a conhecer o trabalho de modernização que vem sendo desenvolvido na IPSS que dirige e que este ano completa 133 anos de existência.
A par disso, Maria Alvim demonstrou como é que na instituição se tem apostado na comunicação com o exterior e ainda no marketing e angariação de fundos, em especial com a criação de um departamento que apenas trata dessas questões.
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