A Plataforma de Apoio aos Refugiados defendeu hoje que Portugal deve ser "firme e pró-ativo" no contexto europeu, defendendo o acolhimento e integração dos refugiados e o apoio aos países em "maiores dificuldades", como a Grécia e o Líbano.
A Comissão Executiva da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) reuniu-se em Lisboa e tomou uma posição pública perante os atrasos na chegada dos refugiados a Portugal. "Em nome da justiça e dos valores da civilização europeia, a PAR reafirma a defesa do acolhimento urgente dos refugiados, sem mais demoras, e da sua integração adequada, em condições dignas e humanas", defende a PAR num comunicado enviado à agência Lusa.
Este acolhimento pode ocorrer "sem prejuízo das medidas de segurança que são essenciais para todos", devido aos atentados terroristas que nas últimas semanas ocorreram em vários locais no mundo, desde Paris a Beirute, de Istambul a Bamako, do Monte Sinai a Kano, e que "merecem um repúdio total e condenação" e a solidariedade com as vítimas e seus familiares.
A PAR sublinha que esta "internacionalização do terror" permite "compreender melhor" o que têm passado "centenas de milhares de pessoas, oriundas da Síria, que fogem à violência de um quotidiano brutalmente devastador".
Adverte ainda que culpar os refugiados dos atentados e "fechar-lhes a porta do acolhimento" é "voltar a vitimizá-los" e "fazer pagar a vítima pelos crimes do agressor". "Esta confusão entre os que provocam o terror e os que dele fogem, os refugiados, é profundamente injusta", lamenta.
A PAR volta também a lamentar os "erros graves cometidos" nos últimos anos pelos Estados-membros da União Europeia ao ignorarem a crise de refugiados e cujas consequências têm "um elevado custo humano, social e político".
Aponta a incapacidade de executar o programa de recolocação de 160.000 refugiados como exemplo da "incompetência e falta de vontade política" dos Estados-membros e das instâncias europeias em cumprir as suas próprias decisões, agravando-se o problema a "todos os dias".
Para a plataforma, Portugal deve tomar "as medidas necessárias para desbloquear urgentemente esta situação", acionando mecanismos alternativos de cooperação bilateral com outros Estados-membros, para os apoiar na recolocação de refugiados presentes em seu território.
"Portugal deve, no contexto europeu, ser firme e pró-ativo na afirmação das suas convicções humanistas, defendendo não só o acolhimento e integração de refugiados no seu seio, bem como o apoio aos países que estão em maiores dificuldades, como é o caso da Grécia ou do Líbano", defende.
A PAR apela ainda aos portugueses que "não deixem de afirmar o seu espírito solidário e humanista" com os refugiados, "independentemente da sua origem, religião, nacionalidade, género ou idade".
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