ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA

O culto da violência e os ataques à civilização

A cada dia que passa, vai sendo mais conhecida a dimensão dos ataques do chamado estado islâmico à civilização em geral, e ao cristianismo em particular. A destruição, na Síria, das maravilhosas colunatas da cidade de Palmira, com os seus dois milénios de história, hoje conhecida como Tamdur, foi um dos exemplos mais chocantes e mediatizados da cegueira dos seus militantes, empenhados em eliminar todos os vestígios de qualquer civilização que não partilhe dos princípios do islamismo radical, por mais brilhantes e ricos que sejam esses vestígios, como foi o caso.

Foi assim também desde o início da “guerra santa” a que se votaram esses militantes, com as suas tentativas de eliminação do cristianismo e das suas manifestações culturais. Não há muito tempo, a Comunicação Social deu conta do assalto ao museu de Mossul e da destruição da sua famosa biblioteca. Este acto de puro vandalismo traduziu-se no desaparecimento de milhares de obras, entre as quais manuscritos cristãos de um valor incalculável. Mais recentemente, foi a notícia de que os djihadistas destruíram, também no Iraque, o mosteiro de santo Elias, o santuário cristão mais antigo do país, com aproximadamente 1400 anos.

Política e economicamente, Mossul, que muitos afirmam estar assente sobre as ruínas da antiga cidade bíblica de Nínive, é a terceira cidade do país, e foi ocupada por aquele grupo djihadista em Maio de 2014. Hoje, sofre o assédio das forças governamentais e das forças internacionais que combatem o Daesh e tentam a sua reconquista. É uma guerra que está para durar, e que, entre muitos outros, tem um efeito colateral garantido: o desaparecimento de tesouros culturais e artísticos de valor incalculável.

O Daesh, não é o único grupo radical islâmico a atacar, violentamente, outras religiões e as suas expressões artísticas e culturais. Basta recordar a destruição, em 2001, às mãos dos talibãs, das famosas estátuas de Buda de Bamian, apesar de classificadas como património da Humanidade. No entanto, são as comunidades cristãs aquelas que mais dolorosa e pesadamente sofrem as consequências do radicalismo cego dos militantes do chamado estado islâmico. Importa, no entanto, lembrar que o culto da violência por parte de grupos radicais islâmicos não precisa de motivações especificamente religiosas ou artísticas para se justificar. Na maioria dos casos, basta ser-se estrangeiro, como aconteceu recentemente em dois países africanos: no Burkina Faso e na Somália. Mas, se a este rol, acrescentarmos outros países, como por exemplo a Nigéria, temos de concluir que se trata do culto da violência pela violência.

 

Data de introdução: 2016-02-07



















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