A Unesco declarou este ano de 2016 como o Ano Internacional do Entendimento Global. Trata-se de um desafio para que as sociedades reflitam sobre a forma como vivem e compreendam as consequências e os efeitos das ações individuais numa perspetiva mais global. Ao pé da letra, é essa uma das qualidades de ser solidário. O sentimento, mas também a responsabilidade de prestar auxílio a alguém. Alguém que nos é próximo ou o outro, que desconhecemos.
Este ano a celebração da Festa da CNIS chega num momento em que o país e o mundo enfrentam desafios que só poderão ser ultrapassados à luz desta visão de uma sociedade solidária.
Na escala global, a humanidade está confrontada com uma das mais dramáticas crises das últimas décadas. “Mais do que uma crise de refugiados, há uma crise de solidariedade”, disse o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. Há 65 milhões de pessoas deslocadas que precisam de respostas urgentes de nações, de governos, da sociedade civil. Sobre esta crise, Portugal tem assumido uma atitude exemplar. Pelo voluntarismo, pela disponibilidade, pela vontade de acolher. Valores de solidariedade partilhados por muitos portugueses a título individual, mas também por instituições. Muitas delas estão entre as quase 3 mil associadas da CNIS.
São essas instituições e esses valores que são celebrados na festa de partilha e envolvimento, nesta décima edição, entre a população de Coimbra e o movimento solidário de todo o país.
Em Portugal, não foram nem são fáceis os momentos que a sociedade tem atravessado nos últimos anos. E quando os tempos são de dificuldade, em regra são os cidadãos mais vulneráveis ou que estão atingidos por maiores fragilidades que sofrem as mais graves consequências. É neste quadro que ganha relevância o trabalho e a proximidade das vossas instituições. No apoio, sempre com respeito pela dignidade humana, aos mais velhos, mas também aos mais jovens ou aos cidadãos com deficiência. Aos mais pobres ou àqueles que atravessam uma fase difícil na vida. A todos os portugueses excluídos porque não usufruem de todos os seus direitos, económicos, sociais, culturais.
A qualidade de ser solidário é também a qualidade de desenhar um futuro sustentável, a todos estes níveis. Faço por isso, neste momento de celebração e de festa, um apelo. O apelo a um combate que não podemos deixar de travar, a par de outros. Um combate social, que se faz de solidariedade, por pessoas de carne e osso, como nós.
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