Nas últimas semanas, a Comunicação Social deu bastante relevo a uma preocupante vaga de anti-semitismo que atingiu vários países europeus. Falamos particularmente, até por via da sua importância cultural e política, de países como a França, o Reino Unido e a Alemanha, mas podíamos citar muitos outros. Trata-se de um fenómeno que assumiu uma dimensão chocante no ano de 2018, mas que tem tendência não só para continuar mas até para se agravar.
Na França, a violência verbal e às vezes mesmo a violência física contra os judeus e os seus símbolos, tornou-se tão frequente que parecia já não mexer muito com a opinião pública do país. Foi preciso ouvirem-se os insultos gritados contra um conhecido filósofo francês de origem judaica, no decorrer de mais um protesto dos chamados coletes amarelos, para que os Meios de Comunicação Social acordassem e fizessem acordar o povo para a dimensão que o anti-semitismo que tinha atingido no país.
A última manifestação pública contra o anti-semitismo, manifestação em que participaram, quase todos os líderes partidários, para além do presidente da República, diz bem do nível de preocupação, e até de vergonha a que, por via desse comportamento anti-semita, tinha chegado uma grande parte da sociedade francesa. Foi uma reacção de protesto altamente participada contra as manifestações antijudaicas que se vinham multiplicando no país e que tinham alcançado uma grande visibilidade dentro e além fronteiras. Basta lembrar os incêndios, as profanações de cemitérios e a multiplicação de escritos anti- judaicos pintados em muros e paredes de algumas cidades...
A Alemanha não ficou atrás da França no que respeita ao número e ao impacto dessas manifestações anti-semitas, manifestações que já levaram mesmo ao encerramento de algumas sinagogas. É verdade que neste país o problema não resulta da existência de organizações semelhantes à dos coletes amarelos, mas a chegada maciça de migrantes oriundas do Médio Oriente ou do norte de África, muçulmanos na sua enorme maioria, acrescentou mais um elemento potencialmente explosivo a um sentimento antijudaico já visível. De qualquer modo, a importância que o partido da extrema direita, AdF, adquiriu nos últimos tempos, diz bem de como a Europa está a enfrentar uma ameaça que até há poucos anos era praticamente residual.
Mais de cinquenta anos depois da vitória contra o nazismo, a Europa é chamada agora a lutar contra o anti-semitismo que foi uma das bandeiras do ideário de Hitler. É uma luta que a Europa democrática não pode perder. Mais uma vez
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