ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA

A Europa e a vaga de anti-semitismo

Nas últimas semanas, a Comunicação Social deu bastante relevo a uma preocupante vaga de anti-semitismo que atingiu vários países europeus. Falamos particularmente, até por via da sua importância cultural e política, de países como a França, o Reino Unido e a Alemanha, mas podíamos citar muitos outros. Trata-se de um fenómeno que assumiu uma dimensão chocante no ano de 2018, mas que tem tendência não só para continuar mas até para se agravar.

Na França, a violência verbal e às vezes mesmo a violência física contra os judeus e os seus símbolos, tornou-se tão frequente que parecia já não mexer muito com a opinião pública do país. Foi preciso ouvirem-se os insultos gritados contra um conhecido filósofo francês de origem judaica, no decorrer de mais um protesto dos chamados coletes amarelos, para que os Meios de Comunicação Social acordassem e fizessem acordar o povo para a dimensão que o anti-semitismo que tinha atingido no país.

A última manifestação pública contra o anti-semitismo, manifestação em que participaram, quase todos os líderes partidários, para além do presidente da República, diz bem do nível de preocupação, e até de vergonha a que, por via desse comportamento anti-semita, tinha chegado uma grande parte da sociedade francesa. Foi uma reacção de protesto altamente participada contra as manifestações antijudaicas que se vinham multiplicando no país e que tinham alcançado uma grande visibilidade dentro e além fronteiras. Basta lembrar os incêndios, as profanações de cemitérios e a multiplicação de escritos anti- judaicos pintados em muros e paredes de algumas cidades...

A Alemanha não ficou atrás da França no que respeita ao número e ao impacto dessas manifestações anti-semitas, manifestações que já levaram mesmo ao encerramento de algumas sinagogas. É verdade que neste país o problema não resulta da existência de organizações semelhantes à dos coletes amarelos, mas a chegada maciça de migrantes oriundas do Médio Oriente ou do norte de África, muçulmanos na sua enorme maioria, acrescentou mais um elemento potencialmente explosivo a um sentimento antijudaico já visível. De qualquer modo, a importância que o partido da extrema direita, AdF, adquiriu nos últimos tempos, diz bem de como a Europa está a enfrentar uma ameaça que até há poucos anos era praticamente residual.

Mais de cinquenta anos depois da vitória contra o nazismo, a Europa é chamada agora a lutar contra o anti-semitismo que foi uma das bandeiras do ideário de Hitler. É uma luta que a Europa democrática não pode perder. Mais uma vez

 

Data de introdução: 2019-03-08



















editorial

VIVÊNCIAS DA SEXUALIDADE, AFETOS E RELAÇÕES DE INTIMIDADE (O caso das pessoas com deficiência apoiadas pelas IPSS)

Como todas as outras, a pessoa com deficiência deve poder aceder, querendo, a uma expressão e vivência da sexualidade que contribua para a sua saúde física e psicológica e para o seu sentido de realização pessoal. A CNIS...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Que as IPSS celebrem a sério o Natal
Já as avenidas e ruas das nossas cidades, vilas e aldeias se adornaram com lâmpadas de várias cores que desenham figuras alusivas à época natalícia, tornando as...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Adolf Ratzka, a poliomielite e a vida independente
Os mais novos não conhecerão, e por isso não temerão, a poliomelite, mas os da minha geração conhecem-na. Tivemos vizinhos, conhecidos e amigos que viveram toda a...