FESTA DA SOLIDARIEDADE, AÇORES, DE 6 A 9 DE OUTUBRO

Celebrar a vida das instituições que tanto precisam de um regresso ao normal

Depois de um ano de interregno, por causa da situação pandémica, a Festa da Solidariedade, vai ser retomada nos Açores, em Outubro. Organizada pela CNIS com o apoio da URIPSSA, a iniciativa já conta 14 edições.
Eleutério Alves, vice-presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, é o responsável por parte da direção da CNIS por este evento anual, cujo objetivo é mostrar ao país a importância do sector social solidário.

A Festa está de regresso, apesar da pandemia...
A Festa estava prevista para os Açores em 2020, mas devido à pandemia não pôde realizar-se. Agora em 2021 temos vindo a avaliar a situação, temos tido todas as informações do governo regional e da União Regional das IPSS que nos garantem que há condições para se fazer a Festa e é isso que irá acontecer de 6 a 9 de Outubro.

Há uma mudança de formato...
A Festa nos Açores vai ter um formato diferente das outras edições desde logo por uma questão geográfica. São nove ilhas e era impraticável percorrer com a Chama da Solidariedade ou fazer a Festa em todas as ilhas. A União Regional dos Açores fez a proposta de se concentrar o programa nas ilhas de S. Miguel e na Terceira. Em três cidades: Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Praia da Vitória. Nós estamos a fazer tudo para que haja uma grande participação das IPSS e das comunidades. O objetivo da Festa é dar o conhecer o papel das instituições no contexto da proteção social, no bem-estar das pessoas e famílias, na promoção da economia local, e no segmento cultural que as IPSS desenvolvem nas sociedades onde se inserem. Vamos tentar cumprir esse desígnio nas duas ilhas mais populosas do arquipélago, cumprindo todas as regras e normas de segurança sanitária que estiverem em vigor. Vamos ter atividades em espaços interiores, seminário e painéis temáticos relacionados a vida do sector solidário nos Açores, e no exterior haverá animação apresentada pelas IPSS e por grupos regionais o que vai permitir uma maior participação dos locais e dos turistas.

O cartaz tem um pendor turístico...
Está muito bem concebido pela URIPSSA. Por conta da Festa da Solidariedade vai permitir fazer uma difusão das imagens icónicas das nove ilhas dos Açores.

O que vai ser diferente nesta edição?
Vamos ter dois seminários com intervenções da União Regional, do Governo Regional, do sistema bancário e financeiro dos Açores, sobre a sustentabilidade das IPSS e sobre o papel do sector social solidário no âmbito da Economia Social. Haverá necessariamente uma comparação do apoio oficial dos governos do arquipélago e do continente às instituições porque são distintos. Nos Açores o governo está mais próximo das IPSS, assumindo quase a totalidade o custo das valências prestadas à comunidade. No continente, como se sabe, a contratualização dos acordos de cooperação apenas cobre cerca de 38 por cento dos custos. O protocolo da Cooperação aplica-se na Madeira e no continente e não se aplica nos Açores onde há uma negociação específica.

Qual foi a recetividade das entidades açorianas para a realização da Festa?
O governo regional dos Açores recebeu de braços abertos a iniciativa da CNIS. Vamos ter encontros durante este mês de Agosto para acertar detalhes, mas temos a indicação de que haverá abertura para um apoio interessante para a iniciativa solidária. Em relação às câmaras municipais de Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Praia da Vitória, já houve contactos, prevemos protocolos e acordos que sustentem o apoio prometido por parte destas autarquias e vamos continuar a trabalhar conjuntamente para garantir o apoio logístico e financeiro que permita que a festa corra da melhor maneira.

É o pai desta ideia que já tem 14 edições. A Festa tem cumprido os objetivos?
A ideia foi partilhada pela direção da CNIS há 15 anos e desde aí passou a afirmar-se como evento de referência e a ser uma bandeira da CNIS, um ponto de encontro das IPSS. Eu fui sendo o coordenador e o rosto da atividade, mas o empenho é de todos, começando no nosso presidente, P. Lino Maia. Nas primeiras edições houve uma grande participação nacional, com IPSS de todo o território, nos últimos anos a Festa e a Chama da Solidariedade têm sido mais centradas no distrito onde a Festa tem lugar, havendo, no entanto, a participação de instituições de outras regiões. A situação financeira de muitas IPSS não lhes dá muita abertura para deslocações dos seus utentes e grupos de animação para grandes distâncias. No entanto, nos distritos onde se foi realizando as instituições envolveram-se com entusiasmo e com grande participação. É sempre uma jornada de promoção dos interesses e dos valores das IPSS e da riqueza cultural e social das comunidades. Acho que vale a pena manter este evento porque é sempre um momento de confraternização de colaboradores, utentes, dirigentes e também uma oportunidade para as IPSS mostrarem o que fazem na proteção social e ação cultural.

A Festa terá pelo menos tantas edições quantas estruturas intermédias existem...
Nós vamos na 14ª edição. Na divisão administrativa da CNIS temos 18 distritos mais as Regiões Autónomas. Já não falta muito.  Nos Açores vamos anunciar o próximo distrito a receber a Festa e passar a ideia de que estamos a regressar à normalidade. Vamos ter todos os cuidados que nessa data sejam ainda recomendados com a Covid-19, mas gostaria que fosse uma espécie de marco que assinalasse o fim desta época de pandemia que nos obrigou e ainda obriga a tantos condicionalismos.

Há novos sinais preocupantes sobretudo nas populações que mais precisam das IPSS...
Vamos ter que aprender a viver com este vírus. Acredito que com as medidas que temos tomado dentro de algum tempo, talvez em 2022, haja um regresso àquilo que era a vida do sector social solidário. Os nossos utentes, sobretudos os mais idosos, precisam de saúde, mas também vivem de afetos, de animação, de proximidade das famílias e dos amigos, de tudo aquilo a que têm direito para viver uma vida com qualidade e bem-estar, pois essa é a nossa missão.

Há novos surtos em lares. Fala-se da necessidade de nova dose de vacina, testagem...
Tem havido uma avaliação e um controlo permanente no sector social. Estamos todos a descobrir e a aprender. O que sabemos é que a situação é agora incomparavelmente melhor do que na primeira e segunda vaga. Os mais idosos estão mais protegidos. Estamos mais tranquilos, com mais confiança, mas não mais descansados, nem menos atentos e vigilantes. Já percebemos e assumimos que temos que reforçar a testagem e em grande parte dos lares está a ser feita, manter as visitas controladas e estamos preparados para renovar a vacinação se assim for entendido para a segurança dos nossos utentes.

Isto ainda não acabou, mas Portugal, por comparação com outros países, lidou bem com a proteção dos utentes dos lares.
Isso é verdade. Basta comparar o número de óbitos em lares, concretamente os do setor solidário. Significa que as organizações do setor social souberam entender a tempo a gravidade do que se estava a passar. Prepararam-se internamente e pressionaram as entidades competentes, sobretudo o governo, para a especificidade das IPSS e a necessidade de apoios extraordinários. O papel de defesa e segurança que nós incutimos nos dirigentes das instituições e nos colaboradores, foi relevante para que assumissem essa responsabilidade e procurassem controlar o mais possível o alastramento da pandemia nas estruturas residenciais. Foram momentos de muita angústia e muita preocupação, mas com grande espírito de resiliência, de determinação, de responsabilidade e de competência dos dirigentes e colaboradores, a compreensão dos utentes e o apoio da comunidade, mostrámos que os nossos equipamentos sociais eram lugares seguros e mereciam a confiança das famílias.

Chegou a passar a ideia de que o grande perigo seriam os lares de idosos...
A comunicação social ajudou a passar essa ideia e houve entidades da saúde que por desconhecimento, tentaram levantar dúvidas sobre a capacidade do setor solidário. A realidade acabou por demonstrar que os lares foram dos locais mais seguros para as pessoas idosas e que o sector solidário está preparado e capacitado para responder pela segurança dos seus utentes, naquilo que são as suas responsabilidades.

(Texto e fotos – V.M. Pinto)

 

Data de introdução: 2021-08-12



















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