«Desconstrução do mito: o que nos diz a academia e a experiência» foi o tema do primeiro painel, que contou com as participações de Liliana Ribeiro, da Associação Irissocial, e Raquel Campos Franco, da Católica Porto Business School.
Recorrendo à definição de um académico, Liliana Ribeiro definiu impacto como o “conjunto de mudanças significativas e duradouras na vida das pessoas, comunidades ou ecossistemas, introduzidas por uma ação ou conjunto de ações específicas” e, do «Manual para transformar o mundo», foi buscar uma definição do que é a medição de impacto: “Refere-se ao processo de analisar, calcular e monitorizar as alterações (positivas ou negativas) que resultam do sistema de atividades da solução implementada (seja uma iniciativa, um programa, um serviço ou uma organização)”.
E para que o processo possa avançar é necessário “determinar o objetivo de impacto: que mudança última se pretende gerar?”, definir como fazê-lo, ou seja, “o que fazemos (ou vamos fazer) para alcançar o objetivo de impacto?”, o que pode implicar mudanças de conhecimento e de comportamento, e ainda o que fazer: “Que atividades, ações ou serviços vamos promover para alcançar a mudança?”.
Liliana Ribeiro deixou ainda algumas ideias sobre o que não é medição de impacto, como “contabilizar o número de atividades, ações, serviços e produtos ou de utentes, beneficiários e participantes”, mas também “avaliar a satisfação” ou “fazer um vídeo promocional da instituição”.
Outro aspeto é a recolha de testemunhos, que apesar de não ser avaliação de impacto, segundo Raquel Campos Franco, “são relevantes para lá chegar”.
Para a docente a Universidade Católica, “ter impacto é garantir que a missão é cumprida”, porque “trabalhar o impacto é trabalhar a missão e a chave do impacto está na missão”.
“Deve-se ambicionar a avaliação do impacto, mas pode-se avaliar os contributos”, sustenta, sublinhando que “a avaliação de impacto aumenta a coesão interna da organização e esta passa a ter algo com impacto para mostrar aos parceiros”.
Já sobre os mitos associados à avaliação de impacto, Liliana Ribeiro referiu alguns, como: “A necessidade de recorrer a uma entidade externa; a exigência de um conhecimento técnico ou académico muito avançado; a ideia de que basta envolver uma pessoa da organização, o chamado ‘Responsável’; o preconceito de que é algo pontual: faz-se apenas uma vez na vida de uma organização”.
A terminar, Liliana Ribeiro deixou uma dica sobre como deve uma instituição começar a Medir o Bem: “Em primeiro, clarificar a mudança que a iniciativa pretende alcançar; depois, investir em conhecimento sobre o tema; e por fim, planear e concretizar”.
Perante o auditório da Fundação Manuel António da Mota, no Porto, repleto, o seminário prosseguiu com o Painel II, subordinado ao tema «Instrumento: o poder da comunicação».
Sob moderação de Liliana Ribeiro, Mariana Nogueira, do Banco Alimentar, Gilda Torrão, da Associação Dar Asas à Vida, e Maria Inês Taveira, da Associação Bagos d’Ouro, partilharam com a plateia a experiências de avaliar o impacto que promoveram as respetivas instituições.
Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)
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