O Auditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu (ESTGV) recebeu, no passado dia 4 de novembro, o I Fórum de Inovação Social Viseu Dão Lafões e o Encontro Anual de IPSS de Viseu, iniciativas promovidas pela Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões, Portugal Inovação Social, UDIPSS Viseu e Associação Interioriza-te.
Após a sessão de boas-vindas, subiram ao palco Filipe Almeida, presidente da Portugal Inovação Social, Carlos Azevedo, coordenador de Investigação da Yunus Social Innovation Center – Hub Universidade Católica Portuguesa, e José Carreira, presidente das Obras Sociais de Viseu, que, sob a moderação de Cristina Barroco, do Instituto Politécnico de Viseu, abordaram a temática «Inovação Social e Transformação dos Territórios do Interior».
José Carreira foi claro logo de início, afirmando que “o país está muito inclinado para o litoral e só não está mais por causa da inovação social”.
Por isso, o presidente das Obras Sociais de Viseu defendeu a “criação de parcerias estratégicas, que não sejam feitas em cima do joelho, e que se deixe que correr atrás dos prejuízos”.
Por seu turno, Filipe Almeida reforçou a ideia de que “a inovação social é muito mais eficiente”, argumentando que a partir dela são “estimuladas parcerias entre instituições sociais e entidades de diferentes sectores e proporciona estar tão próximo quanto possível do território”.
Para o responsável pela Portugal Inovação Social, “o maior desafio” que a inovação social enfrenta é a “falta de políticas públicas, porque há projetos com bons resultados que, depois, não passam para as políticas públicas”, lembrando que “o foco não está na inovação social, mas está no problema que a inovação social quer resolver”.
José Carreira afinou pelo mesmo diapasão e alertou: “Há uma grande imprevisibilidade nas políticas públicas, o que é um grande obstáculo ao trabalho das instituições sociais”.
Desafiado a olhar para o interior como um território de oportunidades, onde a inovação social tem o poder de gerar impacto real na vida das pessoas, Carlos Azevedo sublinhou que “monetizar o impacto é fundamental” no universo social.
Seguiu-se uma sessão sobre «Envelhecimento/Longevidade e Inovação”, protagonizada por Maria João Quintela, presidente da Associação Portuguesa de Psicogerontologia (APP), após apresentação de com intervenções de Celestino Martins, presidente da UDIPSS Viseu.
“Para envelhecer, é preciso estar vivo… muito tempo”, começou por dizer Maria João Quintela, que, no seu habitual estilo descontraído e desafiador das plateias, acrescentou, referindo-se à importância da atividade física dos mais velhos: “No sofá não há ganhos de vida, nem dá saúde a ninguém”.
A também médica sublinhou que “no envelhecimento a saúde é essencial, mas o nosso modelo está centrado na incapacidade e não nas capacidades que as pessoas ainda têm”, pelo que seria importante saber “quanto valem os velhos portugueses?”, questionou.
Segundo a presidente da APP, há três pilares no envelhecimento ativo, que são “a saúde, a participação e a segurança” e “o embrulho é a solidariedade intergeracional”.
O evento prosseguiu após o almoço com a apresentação de 13 iniciativas de inovação social da região e atribuição do certificado de reconhecimento «Sementes de Inovação – Viseu Dão Lafões»: «Just a Change – Reabilitar Centro», «Comunidade Amiga na Demência», «PRISMA – Rumo à Inclusão», «SaudavelMente: Transformando Vidas com Saúde Mental», «Laços Intergeracionais – Programa de Envelhecimento Ativo e Saudável», «Comer Bem, Sorrir Melhor», «Vencer Emprego – Um Projeto de Talento, Potencial e Inclusão», «INterioriza-te! Youth – Social Innovation Hub», «Incubadora de Inovação Social Viseu Dão Lafões», «Fenótipo Musical Extra», «Fica em Pé: Prevenção de Quedas», «O Poder de Decidir» e «#ID Memória Futura».
Sérgio Silvestre, diretor de Inovação e Portfólio da Claranet Portugal, apresentou, de seguida, o Prémio Nacional de Inovação, que distingue projetos e entidades que se destacam pela capacidade de transformar ideias em soluções impactantes para o futuro do país.
“O prémio não é monetário, mas de reconhecimento e gostaríamos muito que mais instituições sociais se candidatassem, porque até agora o seu número é residual”, apelou Sérgio Silvestre.
«Inovação Social, Empreendedorismo de Impacto e Responsabilidade Social” foi o tema que reuniu na mesa-redonda Inês Sequeira, CEO e cofundadora da Rede Capital Social, Ana Feijó Cunha, diretora da Fundação “La Caixa”, e João Cascalheira, coordenador da Incubadora de Inovação Social do Baixo Alentejo, sob moderação de Pedro Moita, assessor da UDIPSS Viseu.
As novas dinâmicas de colaboração entre o sector social, o sector empresarial e os investidores de impacto foram questões abordadas pelos intervenientes, com João Cascalheira a deixar uma ideia muito objetiva: “As incubadoras de inovação social têm de ser os motores de desenvolvimento do seu território”.
O encerramento dos trabalhos ficou a cargo de Luísa Bernardes, representante regional da Portugal Inovação Social, e de Celestino Martins, presidente da União Distrital das IPSS de Viseu.
Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)
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