A maioria dos museus da rede nacional continua sem meios para receber visitantes deficientes devido a obstáculos nos acessos a edifícios e falta de formação de técnicos e programas didácticos específicos, admitiu fonte institucional.
Em declarações à agência Lusa, a subdirectora do Instituto Português de Museus (IPM), Clara Camacho, referiu que apenas 20 dos 120 museus da Rede Nacional "têm projectos em curso" para pessoas com deficiência, tais como exposições complementadas com áudio-guias ou escritos em Braille, instalações com rampas ou elevadores e materiais pedagógicos específicos.
A responsável falava, no Seixal, à margem do Encontro Nacional de Serviços Educativos de Museus, cujo painel da manhã versou sobre as "Políticas Culturais Inclusivas para Públicos Especiais".
Clara Camacho reconheceu que, em Portugal, esta é "uma área que está a começar", ainda "na vertente de experiências-piloto, mas com tendência para crescer".
A coordenadora da rede portuguesa de museus ressalvou que a lei-quadro do sector, que consagra princípios de inclusão social nos museus, tem só cerca de dois anos.
Apenas nessa altura é que foi criada no IPM uma equipa multidisciplinar (formada, entre outros, por especialistas em comunicação e museologia, arquitectos e designers) destinada a preparar exposições e acessos nos museus para deficientes e a formar profissionais.
"É um processo moroso, tudo tem o seu percurso", frisou Clara Camacho, insistindo na necessidade de se "intensificar a formação de profissionais, sensibilizar as tutelas [Educação e Cultura] e investir na readaptação de edifícios", mesmo os de mais difícil acesso, como palácios e castelos.
Para este ano, o IPM já tem agendado uma nova acção de formação para profissionais de museus, no Porto.
Fonte: Jornal de Notícias
Data de introdução: 2006-03-05