Um estudo sobre desemprego e sobreendividamento revela que as redes informais de solidariedade, nomeadamente a família e amigos, são essenciais na sustentabilidade financeira
perante a perda de emprego.
O estudo do Observatório do Endividamento dos Consumidores analisou a situação de cerca de meia centena de desempregados de duas empresas industriais de Coimbra e de Gaia com dívidas de crédito, e concluiu que a maior sustentabilidade financeira ficou a dever-se a uma "forte mobilização das redes informais de solidariedade, que funcionam sobretudo de forma espontânea, através da dádiva de géneros alimentares e apoio monetário ocasional".
Associado a este factor, a pesquisa apurou também "uma forte capacidade de mobilização individual, expressa pelo recurso a poupanças acumuladas e a actividades profissionais de substituição, bem como a forte restrição do consumo e uma gestão ainda mais controlada do orçamento familiar". "Surpreendeu-nos a força das poupanças pessoais e das redes informais de apoio social", afirmou aos jornalistas Catarina Frade, investigadora deste observatório do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
Os sobreendividados revelaram "uma maior vulnerabilidade face à perda do emprego", devido a uma insuficiente mobilização de recursos próprios, poupanças escassas e maior dificuldade em simplificar os padrões de consumo, além de uma fraca capacidade de activar as redes informais de solidariedade.
Contactar as instituições financeiras para tentar renegociar as dívidas ou as associações de defesa do consumidor para organizar as finanças e constituir um aforro para enfrentar as emergências são algumas das orientações avançadas pela investigadora.
O estudo foi financiado pela Fundação para Ciência e Tecnologia.
12.04.2006
Data de introdução: 2006-04-12