SAÚDE

OMS publica regras de desenvolvimento na infância

A Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou novas normas internacionais de referência para o crescimento de crianças até aos cinco anos de idade, que indicam pela primeira vez a forma como devem crescer.

As novas normas de crescimento da OMS para a primeira infância, estabelecidas a partir de um estudo iniciado em 1997 sobre oito mil crianças de vários países do mundo, consideram que as
crianças têm potencial para atingir os mesmos níveis de medida e peso qualquer que seja o seu local de nascimento, desde que beneficiem das melhores condições possíveis no início da vida.

Segundo a OMS, as diferenças no crescimento das crianças até à idade de cinco anos são influenciadas mais pela nutrição, práticas de aleitamento, ambiente e cuidados de saúde do que pela genética e pela origem étnica.

As regras foram elaboradas para que sirvam de referência à comunidade pediátrica internacional, pais, prestadores de cuidados e governos, e pretendem que a desnutrição, o excesso de peso e a obesidade, assim como outras perturbações do crescimento, possam ser
detectadas e tratadas numa fase precoce.

"As normas da OMS em matéria de crescimento da criança constituem um novo meio para dar a todas as crianças as melhores possibilidades de desenvolvimento durante os anos mais importantes para o seu crescimento", considerou o director-geral da OMS, Lee Jong-Wook, acrescentando que "este instrumento permitirá reduzir a mortalidade e as doenças entre os lactentes e as crianças de tenra idade".

A OMS considera a criança alimentada com leite materno como referência de crescimento e de desenvolvimento e introduz níveis de correspondência entre os instrumentos utilizados para medir o crescimento e as linhas directrizes nacionais e internacionais em matéria de alimentação infantil, que recomendam o aleitamento materno como fonte óptima de nutrição durante a pequena infância.

A primeira série de curvas de crescimento publicada com base neste método inclui indicadores de crescimento, como o peso em relação à idade, o tamanho em relação à idade e o peso em relaçäo ao tamanho. Inclui ainda pela primeira vez um ïndice de Massa Corporal (IMC) standard para as crianças até aos cinco anos, assim como normas relativas às seis fases chave do desenvolvimento motor (como, por exemplo, "sentado", "de pé" e "início de marcha").

"Incentivamos todas as associaçöes e sociedades de pediatria membros da Associação Internacional de Pediatria (AIP) de todos os países e regiões do mundo a adoptar e utilizar estas normas no melhor interesse de todas as crianças e de promover a adopção destas normas pelos seus governos", afirmou, num comunicado, Jane Schaller, director executivo da AIP.

As regras surgiram a partir de um estudo lançado em 1977 pela OMS, com o objectivo de elaborar um método internacional normalizado para avaliar o crescimento psíquico, o estado nutricional e o desenvolvimento motor das crianças do nascimento até à idade de cinco
anos.

A OMS e a Universidade das Nações Unidas lançaram o Estudo de Referência Multi-central do Crescimento sob a forma de um projecto comunitário posto em prática sobre um total de mais de oito mil crianças do Brasil, Estados Unidos, Gana, Índia, Noruega e sultanato
de Omã.

As crianças do estudo foram escolhidas com base num ambientesptimo para um crescimento normal, com a prática de nutrição recomendada pelos especialistas, cuidados de saúde de qualidade, mães não-fumadoras e outros factores que são considerados como proporcionadores de uma boa saúde.

A OMS concluiu que existem diferenças entre as crianças, mas o seu crescimento médio é curiosamente similar no seio de vastas populações, tanto no plano regional como mundial, descobrindo que uma criança se desenvolve da mesma maneira na Índia, na Noruega ou no
Brasil, desde que beneficie de condiçöes de crescimento sãs nos primeiros tempos da sua vida.

"As novas normas são importantes para os pais, os profissionais de saúde e os outros prestadores de cuidados porque permitem-lhes avaliar o crescimento e o desenvolvimento das crianças individualmente e ao nível da população no seu conjunto", declarou Cutberto Garza, Director do Programa de Alimentaçäo e Nutrição da Universidade das Nações Unidas e especialista do Boston College (EUA), que dirigiu o estudo.

Desde o fim dos anos 70 e até agora, a OMS usava como referência de crescimento a que fora estabelecida pelo National Center for Health Statistics/OMS, que se baseava em dados recolhidos a partir de uma amostra limitada de crianças nos Estados Unidos.

Este método descrevia apenas a maneira como as crianças cresciam numa região determinada do mundo e num dado momento, contendo insuficiências técnicas e biológicas, o que o tornava pouco adequado para seguir a evolução rápida e variável do crescimento da pequena
infância.


28.04.2006

 

Data de introdução: 2006-04-28



















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