Um estudo sobre experiências de violência em relações afectivas junto de jovens dos 15 aos 24 anos, de cinco regiões do país, apurou que existe um padrão de agressões mútuas, sobretudo no campo da violência verbal e emocional.
«O número de agressões sofridas é, muitas vezes, idêntico ao de agressões relatadas, sendo as mais comuns pertencentes ao campo da violência verbal e emocional», refere a investigação, apresentada em Évora no passado dia 13 de Maio e desenvolvida pela delegação do Alentejo da Associação para o Planeamento da Família (APF).
O estudo «Quanto mais me bates, mais eu (não) gosto de ti», co-financiado pela Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, foi desenvolvido no terreno pelo psicólogo Nelson Rodrigues, desde Maio de 2005.
A investigação compreendeu 596 questionários junto de jovens, dos 15 aos 24 anos, em meio escolar, em cinco regiões do país: Alentejo, Algarve, Lisboa e Vale do Tejo, Centro e Norte.
Contudo, realçou o psicólogo, a amostra «não pode ser considerada representativa» da população nacional, visto que o número de questionários aplicado em Lisboa e Vale do Tejo foi «inferior ao das outras regiões».
Em termos das agressões, as maiores percentagens de respostas assinaladas positivamente revelaram-se na violência verbal e emocional, a que ocorre quando o parceiro, na intimidade ou perante terceiros, insulta, ridiculariza ou faz o outro sentir que não faz nada bem.
Por exemplo, na violência exercida dessa forma, 76,7% dos inquiridos puxaram à conversa algo de mau que o parceiro ou a parceira tivessem feito no passado, tendo também 74,6% falado em tom hostil ou ofensivo.
Um total de 30,8% admitiram ter insultado o/a parceiro/a e 10,4% gozaram ou ridicularizaram, diante de outros, a pessoa com quem mantinham uma relação.
Quanto à violência sexual, considerando os contactos de índole sexual não consentidos, de acordo com os dados do psicólogo, o estudo apurou que 33,3% dos inquiridos refere ter «apalpado o parceiro ou parceira na relação de namoro», quando a «cara metade» não o desejava.
«1,7 por cento refere já ter forçado o parceiro a praticar relações sexuais«, sem o seu consentimento, referiu Nelson Rodrigues, acrescentando ainda que »28,5 por cento já foram beijados« também quando não o desejavam.
Na violência relacional (lesar uma pessoa através do engano ou manipulação das suas relações sociais), as percentagens de respostas positivas são mais baixas, com 4,7 por cento dos inquiridos (o valor mais alto) a admitir já terem tentado virar os amigos do seu companheiro/companheira contra este/esta.
Fonte: Diário Digital / Lusa
Data de introdução: 2006-05-14