SIDA

Descoberta da "cara escondida" do VIH é crucial

A descoberta da "cara escondida" do vírus da sida, anunciada pela revista Nature, é crucial por abrir caminho a novos fármacos contra a doença, disse à Lusa um cientista português da mesma área de investigação.

Para o professor João Gonçalves, do Centro de Patogénese Molecular da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, trata-se de um avanço muito importante que coroa um trabalho de mais de dez anos, desenvolvido pela equipa de Peter Kwong, dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos.

Essa equipa descobriu o sítio dentro do vírus da imunodeficiência humana (VIH) que é aberto quando este interage com os receptores CD4 do sistema imunitário, para os infectar e se reproduzir, abrindo assim a possibilidade de desenvolver moléculas que inibam essa fusão, explicou o investigador português. "Trata-se de um passo crucial, já que se descobriu a porta de
entrada do vírus, aquilo a que se poderá chamar a sua «cara escondida» ou «calcanhar de Aquiles», e o mecanismo da entrada do vírus, a nível molecular", afirmou João Gonçalves, que trabalhou na Harvard Medical School, em Boston (Massachusetts) com membros da equipa de Peter Kwong.

Além da possibilidade de desenvolvimento de novos fármacos, a descoberta abre também caminho a uma vacina contra o VIH, que tem sido um dos grandes desafios da comunidade científica.

A equipa de Peter Kwong examinou à escala atómica a evolução passo-a-passo da configuração do sítio de ligação entre a glicoproteína viral 120 (GP120) e o receptor CD4 da célula-hóspede. Antes, os investigadores conseguiram visualizar como é que o anti-corpo b12, descoberto no sangue de portadores assintomáticos de VIH, cria uma ligação química estável com a molécula viral GP120.

Este anti-corpo liga-se à molécula viral GP120 no mesmo sítio onde esta última se pode agarrar ao receptor CD4, porta de entrada nas células imunitárias, explicou o NIAID num comunicado.

Ao fixar-se à molécula viral, o anticorpo impede-o de entrar na célula imunitária, mais ou menos como uma pastilha elástica colada na ponta de uma chave a impediria de entrar numa fechadura.

João Gonçalves, doutorado em Ciências Farmacêuticas, no ramo de Microbiologia, tem trabalho desenvolvido além-fronteiras, nomeadamente na Harvard Medical School e no Cold Spring Harbour Laboratory de Nova York.

O laboratório em que trabalha, o Centro de Patogénese Molecular, é o único grupo em Portugal que desenvolve investigação no campo da manipulação de anticorpos para combater várias doenças, desde a sida ao cancro, sem os efeitos nefastos das terapias convencionais, e posiciona-se ao nível mais avançado em todo o mundo.

15.02.2007

 

Data de introdução: 2007-02-15



















editorial

VIVÊNCIAS DA SEXUALIDADE, AFETOS E RELAÇÕES DE INTIMIDADE (O caso das pessoas com deficiência apoiadas pelas IPSS)

Como todas as outras, a pessoa com deficiência deve poder aceder, querendo, a uma expressão e vivência da sexualidade que contribua para a sua saúde física e psicológica e para o seu sentido de realização pessoal. A CNIS...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Que as IPSS celebrem a sério o Natal
Já as avenidas e ruas das nossas cidades, vilas e aldeias se adornaram com lâmpadas de várias cores que desenham figuras alusivas à época natalícia, tornando as...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Adolf Ratzka, a poliomielite e a vida independente
Os mais novos não conhecerão, e por isso não temerão, a poliomelite, mas os da minha geração conhecem-na. Tivemos vizinhos, conhecidos e amigos que viveram toda a...