Porto, Lisboa, Setúbal e o Sul do país continuam a registar o aparecimento de mais de 29 casos de tuberculose por mil habitantes em cada ano, muito acima da média nacional. A redução de incidências ainda é baixa - de 6% ao ano nos útimos cinco anos - e é necessário reduzir para metade a demora com o diagnóstico (detecção de novos casos) para evitar a propagação do bacilo e mais contágios e desenvolver tratamentos especiais para os doentes seropostivos com tuberculose, cuja taxa nacional é de 13%, a mais elevada da União Europeia (UE).
Estes foram alguns dos dados transmitidos ontem, na sessão promovida pela Direcção-Geral de Saúde, na passagem de mais um Dia Mundial da Tuberculose, que hoje se assinala.
Portugal é um país de incidência intermédia, o que significa que tem dez vezes mais casos do que os países do Norte da Europa que já quase erradicaram a doença e está em quinto lugar entre os 27 estados-membros da UE, revelou Fonseca Antunes, cordenador do Programa Nacional de Luta contra a Tuberculose.
Há também uma maior dispersão geográfica - existem menos "clusters"(focos concentrados) - e menos contágios recentes.
A mais díficil de erradicar
O maior problema que o mundo enfrenta - existem nove milhões de doentes - é a variante multirresistente da tuberculose, chamada de XDR (Extensive Drugs Resistent) que subiu de 15,7% em 2002 para 24% em 2005.
"Há grandes restrições terapêuticas e se não for atacado atempadamente temos um grave problema", referiu, na sessão, Miguel Vilar.
"Temos de actuar a montante, é fundamental uma nova vacina porque a BCG é pouco eficaz, são precisos novos fármacos. Cerca de 30 drogas estão em estudo, mas só em 2010-12 estarão disponíveis, permitindo encurtar o tempo de tratamento", explicou. Trata-se de testes (de despistagem) mais rápidos e um controlo rigoroso dos antibacilares de segunda linha, enumerou o especialista.
Existe já um centro de referência para esta variante da doença, composto por dois pneumologistas e três infeccionistas e cujo tratamento visa impedir a transmissão dos bacilos resistentes. Com recurso a fármacos muito caros, que enecessitam do apoio do "Green Light Committee", que os vende a preços acessíveis a países menos ricos.
O Plano Nacional de Luta contra a Tuberculose está previsto para o início de Abril.
24.03.2007 Fonte: Jornal de Notícias
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