A esperança de vencer o VIH renova-se. A prová-lo estão os novos medicamentos, capazes de melhorar a vida de quem é obrigado a viver com o vírus. O darunavir é a mais recente novidade, um fármaco já disponível em Portugal destinado aos doentes que não respondem a outros tratamentos.
Já foi encarado como uma sentença de morte. Hoje, a medicina tem ao seu dispor um arsenal que, apesar de ainda não ser capaz de levar de vencido o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), dá a quem com ele vive uma qualidade e esperança de vida renovadas com a promessa de novos medicamentos. Um deles, o darunavir, está já disponível em Portugal desde 12 de Fevereiro, melhorando o dia-a-dia dos doentes que não respondem a nenhuma outra terapia.
O novo remédio pertence ao que os cientistas definem como inibidores da protease, conhecidos desde meados da década de 90 e que têm como missão bloquear uma enzima, essencial para a multiplicação do VIH nas células do organismo. E dois trabalhos recentes, o POWER I e o POWER II, dão conta de que, quando combinado com um outro medicamento (o ritonavir, também inibidor da protease) melhora o sistema imunitário dos seropositivos e, ao mesmo tempo, reduz a quantidade de vírus da sida presente no sangue em praticamente metade dos doentes (45%), valor quatro vezes superior ao conseguido com outras formas de tratamento.
“É uma descoberta importante, sobretudo para tratar os doentes infectados com estirpes resistentes a outros tratamentos”, confirma ao CM António Mota Miranda, professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
A investigação feita sobre o darunavir, publicada na revista ‘The Lancet’, contou com a participação de 255 pessoas infectadas com o VIH em fase avançada, que não respondiam da forma pretendida às combinações de anti-retrovirais existentes. Todos os doentes tomaram o seu cocktail de fármacos habitual, mas 131 receberam, além deste, a combinação de darunavir e ritonavir duas vezes ao dia.
Findas 48 semanas, 61% dos participantes que tinha tomado a nova combinação apresenta dez vezes menos quantidade de vírus no sangue do que antes de ter início o ensaio, contra 15% entre os doentes que tinham seguido a terapia normal. A estes resultados juntam-se outros, motivo de optimismo: 45% dos seropositivos que tomaram o novo duo de comprimidos viu reduzida a presença do vírus.
Actualmente, 21% dos doentes tratados e 11% dos que começam pela primeira vez a terapia vêem fracassados os tratamentos.
LIMITAÇÕES A VENCER
Apesar de tudo, o estudo teve algumas limitações, que se querem agora ver ultrapassadas. Rodger MacArthur, médico na Universidade Wayne State, em Detroit, nos Estados Unidos, assinala, no ‘The Lancet’, que a amostra não foi grande o suficiente para generalizar os resultados, avançando ainda que “seria necessário seguir a evolução dos doentes que tomam o novo medicamento durante dois ou três anos para estabelecer a sua segurança”.
Quanto aos efeitos secundários, o estudo reconhece que os participantes que tomaram a combinação dos dois remédios experimentaram mais náuseas (24%), herpes simples (16%) e infecções no trato respiratório (16%) do que o resto dos doentes.
FONTE:
Correio da Manhã
Data de introdução: 2007-04-16