Quase metade das famílias portuguesas - exactamente 47% - passou por uma situação de pobreza pelo menos durante um ano entre 1995 e 2000, revela o jornal Público na edição de domingo.
Os dados fazem parte de um novo estudo nacional sobre a pobreza em Portugal, cujos resultados deverão ser divulgados em Julho.
A conclusão principal foi antecipada no sábado pelo coordenador, Alfredo Bruto da Costa, durante a conferência da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), da Igreja Católica, em Lisboa: «Esta é a verdadeira dimensão da pobreza em Portugal.»
O inquérito, realizado pelo Centro de Estudos para a Intervenção Social (Cesis), investigou a situação de carência das famílias portuguesas nos seis anos compreendidos entre 1995 e 2000. Em vez de se limitar a medir a incidência da taxa de pobreza num dado momento - o número já conhecido dos dois milhões de pobres -, «o estudo procura ir mais fundo na percepção das causas da pobreza persistente em Portugal. Daí o ter recorrido a um período alargado de seis anos», explica o Público.
Há mais alguns dados complementares do estudo igualmente preocupantes: das famílias que estiveram em situação de pobreza, 72% acharam-se nessa condição durante dois ou mais anos. No mesmo universo, 40% tinham os seus membros empregados - ou por conta própria ou por conta de outrem - enquanto outros 30% dessas famílias eram de pensionistas.
Num outro artigo, o jornal diário refere que a pobreza deve ser abolida e declarada ilegal, tal como aconteceu com a escravatura, o apartheid ou a violência doméstica. A ideia foi defendida pelo actual subdirector-geral da UNESCO, Pierre Sané, durante a conferência da CNJP, em Lisboa.
27.05.2007 Fonte: Diário Digital
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