EDUCAÇÃO

Alunos surdos desenvolvem-se melhor em escolas especiais

As crianças surdas que frequentam a escola normal estão em desvantagem relativamente às que estudam em escolas especiais, conclui um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). O estudo abrangeu dois grupos de crianças surdas, com idades compreendidas entre os seis e os 12 anos, um integrado no ensino normal e o segundo com frequência no ensino bilingue (que aprende a língua gestual a par da língua portuguesa escrita).

A coordenadora do estudo, a psicóloga e investigadora da FMUP Ivone Duarte, referiu que "os resultados demonstraram que as crianças surdas que frequentam as escolas normais apresentam piores resultados ao nível da comunicação, integração social e capacidade associativa e cognitiva, quando comparadas com as integradas no ensino bilingue".

A investigadora concluiu que a falta de uma língua impede estas crianças de compreenderem o que as rodeia, de comunicarem eficazmente e de socializar, o que compromete o seu desenvolvimento e as pode deixar frustradas e ansiosas.

Em contrapartida, as crianças inseridas em escolas bilingues, e que dominam a língua gestual, vivem mais calmas e mais seguras, estão mais aptas a explorar o meio e a estabelecer relações com os outros e, por isso, desenvolvem-se mais eficientemente.

O estudo conclui que "os resultados positivos obtidos pelas crianças com acesso ao ensino bilingue são ainda mais evidentes nas que iniciaram a aprendizagem da língua gestual com três anos ou menos, o que sublinha a necessidade de que a aprendizagem desta língua ocorra o mais prematuramente possível".

"Isso exige a implementação do rastreio de surdez neonatal em todos os hospitais e maternidades, o que permitirá identificar e encaminhar devidamente os bebés com deficiência auditiva", defendeu a investigadora.

O sistema educativo português integra as crianças surdas nas escolas convencionais, apesar destas não responderem às necessidades comunicativas dos alunos surdos.

Ivone Duarte propõe que se criem escolas próprias, que integrem surdos e ouvintes, mas que possuam ensino bilingue. "As crianças surdas não têm qualquer necessidade de currículos alternativos ou adaptados, bastando-lhes o acesso a uma língua que lhes permita apreender
o mundo e desenvolverem-se plenamente", afirmou.

No âmbito das investigações levadas a cabo pela FMUP relativamente à problemática da surdez, o Serviço de Bioética da Faculdade organiza na próxima sexta-feira o "V Simpósio sobre Reabilitação da Criança Surda".


19.07.2007

 

Data de introdução: 2007-07-19



















editorial

Atualidades

O projeto-piloto SAD+Saúde foi anunciado e entrou em vigor em outubro de 2025, com o objetivo de integrar o apoio domiciliário com os cuidados de saúde para melhorar a autonomia e dignidade dos utentes. Este projeto reforça a...

Não há inqueritos válidos.

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

O poder local no futuro da ação social
Os vencedores das eleições autárquicas tomarão em breve em mãos o rumo das suas autarquias para os próximos quatro anos. Fazem-no num quadro institucional em...

opinião

EUGÉNIO FONSECA

As IPSS como protagonistas do desenvolvimento local
Com a fusão de freguesias, em muitos lugares do nosso país, as instituições que mais perto ficaram das populações foram a Paróquia, a Sociedade de Cultura,...