Nasceu no início do século XX, em 1915, por iniciativa do cónego João Cândido de Novais e Sousa e de um grupo de leigos católicos que perceberam a necessidade de criar uma instituição de apoio a crianças desfavorecidas e órfãs. Poderíamos chamá-la já de avó, personificando uma figura humana, pois a Associação Creche de Braga é das instituições mais antigas da cidade na área do apoio à infância. Começou por ser um orfanato, mas foi-se adaptando às necessidades dos tempos e, há cerca de dez anos, deixou de ter regime de internato.
Dividida em 4 pólos: Sede, Infantário José de Oliveira Cunha Graça, Centro D. João Cândido Novais e Sousa e Centro Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, dá resposta às valências de creche, jardim de infância, pré-escolar, actividades de tempos livres (A.T.L.), ensino especial, apoio sócio educativo, centro de actividades ocupacionais (C.A.O.) e salas de estudo. Neste momento frequentam a instituição cerca de 806 utentes, entre crianças e jovens.
A Creche de Braga oferece um conjunto diversificado de actividades aos meninos e meninas que lá aprendem os primeiros passos na escola da vida. Desde a educação física, à informática, à natação, ao inglês, à educação musical, não faltam opções para ocupar os mais pequenos. A vasta equipa, formada por cerca de 180 funcionários, desde pessoal docente, não docente e técnicos (terapeutas da fala, psicólogos, enfermeiras, psico-pedagogas, técnicos superiores de educação…), não descuida os ínfimos pormenores, tornando o ambiente num espaço de alegria e de crescimento saudável.
Fomos conhecer o Centro Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na freguesia de Palmeira, considerado como um cartão de visita da instituição atendendo ao espaço e às condições que apresenta. Como guia tivemos o presidente da instituição, o padre José Alberto Fonseca, que quis expressar as suas preocupações quanto ao futuro das valências de ATL, atendendo às directivas actuais do Ministério da Educação para o sector. “Numa instituição constituída por crianças é complicado não ter directivas concretas quanto a valências como o ATL, para podermos implementar projectos educativos a longo prazo. Esta situação limita o nosso trabalho”, explica o presidente.
Um receio partilhado pela educadora Mónica Oliveira, coordenadora do ATL de Palmeira desde o ano da sua abertura, em 2000. “Muitos dos pais das nossas crianças escreveram cartas para dar apoio e força à manutenção da valência do ATL em regime clássico na nossa instituição”, explica, acrescentando que “a escola não dá resposta a situações de greve, de férias ou de faltas de professores”.
Enquanto mostra os cantos da casa, a educadora vai enumerando as dificuldades sentidas depois de ser implementado o prolongamento escolar. “Nós continuamos com uma oferta variada de actividades e recursos humanos mas, para ter ideia, a Segurança Social só nos comparticipa uma auxiliar para cada grupo de 20 crianças”, um rácio considerado insuficiente pela técnica.
Alheios a estas problemáticas as crianças correm no jardim e nos diversos espaços ao ar livre que aquele pólo dispõe. As carrinhas com meninos vão chegando e todos são encaminhados para o refeitório, pois está na hora de almoço. Enquanto uns começam a almoçar, outros já estão cá fora prontos para mais brincadeiras, às quais uma educadora acede, mas lá vai avisando que “é só por um bocadinho”, porque depois há actividades para fazer. Naquele espaço está também instalada a escola para crianças com deficiência, um projecto educativo que procura dar resposta às necessidades educativas de meninos portadores de trissomia 21, autismo, deficiências auditivas, entre outras. Permitir a integração de todos e educar para o respeito da diferença é um lema da Creche de Braga, que enquanto “avó”, com 92 anos de existência, está sempre em mudança e adaptação às exigências da sociedade contemporânea.
Data de introdução: 2007-11-07