Bispos católicos recusaram no Porto o marketing como forma de conseguir vencer a falta de padres, preferindo encontrar novas formas de passar a mensagem. "A pastoral vocacional não é uma técnica de marketing", advertiu o bispo de Aveiro e presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministério, D. António Francisco dos Santos. O prelado falava no Seminário de Vilar, durante a abertura de um congresso europeu de dois dias sobre vocações sacerdotais. Na mesma cerimónia, o bispo do Porto, D. Manuel Clemente, explicou que, para as 477 paróquias da sua Diocese, há apenas 263 párocos, com uma idade média de quase 60 anos.
O prelado do Porto afirmou que a falta de padres decorre da reconfiguração das comunidades que tradicionalmente favoreciam as vocações sacerdotais.
"Havia uma relação de proximidade com o pároco. Por isso, a proposta vocacional era mais fácil no desenvolvimento normal daquela relação. Mas a ligação das pessoas a uma comunidade concreta já não é assim", admitiu.
Hoje, disse o bispo, a religiosidade "vai mais para o percurso individual, para os grupos de pertença, para a vocação mais tardia".
"Por vezes, não são comunitárias presenciais, mas comunidades informáticas, pessoas que têm acesso à proposta religiosa por via informática", acrescentou.
Face a isto, preconizou o prelado, "há que procura de novos caminhos", disse D. Manuel Clemente.
O bispo do Porto contrapôs que a falta de padres não significa uma perda de interesse dos cidadãos na religião e, particularmente, na Igreja Católica.
"Não é que as pessoas sejam menos religiosas, são é menos comunitárias na sua religiosidade", acrescentou D. Manuel Clemente, recordando um recenseamento de 2001 indicativo de que um em cada cinco portugueses era católico praticante.
"Mas em Julho desse mesmo ano, uma sondagem publicada numa revista de grande difusão dizia que mais de 70 por cento da população portuguesa praticava por mês um acto de culto da sua religião", acrescentou.
03.07.2008
Data de introdução: 2008-07-04