Pairam na sociedade portuguesa perigosas derivas que pretendem associar pobreza, habitação em bairros sociais, imigrantes e ciganos, a situações de marginalidade e criminalidade!
A isto a sabedoria popular responde com o dito: “pobres, mas honrados”!
Por mais que o senhor Ministro da Administração Interna queira atenuar a abundância e a violência de assaltos para fins de roubo, de vinganças, de chantagens e até para ajustes de contas por motivos familiares e passionais, a verdade é que a comunicação social não inventa o que lhe chega ao conhecimento. São mais que justificados os receios dos cidadãos ao verem que quase nunca se chegam a identificar (e, consequentemente, nem sequer a punir) os responsáveis por tanta violência!
E a comunicação social só relata o que é participado…ficando de fora muitas outras cenas de violência e criminalidade que nem sequer chegam ao conhecimento das forças policiais!
E as forças policiais são constituídas por pessoas que também se interrogam muitas vezes: para quê tentar apanhar responsáveis por actos de violência e marginalidade…quando os tribunais se limitam muitas vezes a ouvi-los e a mandá-los para casa, com termo de identidade e residência!
Os tribunais, por seu lado, dizem que, com as leis que os deputados aprovaram e incorporam o novo código penal, não lhes é permitido ir mais longe na punição de muitos crimes que a opinião pública condena mas a legislação não considera graves!
Claro que não vai ser com o apelo que a líder do PSD fez ao Ministro da Administração Interna para se demitir que a coisa se resolve. Este género de iniciativas políticas constitui ele mesmo um atentado à inteligência dos portugueses que começam a ficar cansados de palavras e irão exigir cada vez mais acção, por parte dos seus governantes!
Haja, porém, cuidado em não meter no mesmo saco as violências, delinquências, criminalidades de gente que não sabe lidar nem com a sua liberdade nem com a liberdade dos outros e que deverá prestar contas à justiça dos seus actos, assumindo as consequências… misturando este género de pessoas e comportamentos com “imaginários xenófobos e preconceituosos” que consideram os pobres, os imigrantes, os ciganos, os moradores em bairros sociais, os toxicodependentes, os beneficiários do rendimento social de inserção com os rostos da criminalidade e da violência que nos tira o sossego que tanto prezamos!
Pensar assim será atear um rastilho à qualidade da pluralidade e riqueza da nossa identidade nacional, alicerçada em séculos de história!
A Exclusão combate-se com a Inclusão e não com o Preconceito Social.
Data de introdução: 2008-09-09