Há centros de saúde que falham no cumprimento de normas de tratamento e prevenção da diabetes e das doenças cardiovasculares, duas áreas consideradas prioritárias pelo Ministério da Saúde. A denúncia é feita num relatório realizado pela Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS), onde é referido que apenas 29% dos 21 centros de saúde avaliados têm consultas para o problema do pé diabético - essenciais para prevenir feridas e amputações nestes doentes.
Além disso, segundo aquela investigação realizada em 2007, um terço dos centros de saúde não controlou e reclassificou as mulheres que tiveram diabetes na gravidez, nem identificou aquelas em idade fértil, o que é obrigatório.
De acordo com a IGAS, mais de 60% dos centros de saúde não monitorizava o número de diabéticos que fazem exames aos olhos. O registo do tratamento de úlceras e lesões também falhava em metade das unidades. E 48% deste universo não tinham registos do seguimento das úlceras mais graves e referenciadas para hospitais.
Apesar de vários centros terem assumido que iriam controlar e avaliar a qualidade do tratamento da diabetes, pouco ou nada mudou desde que a IGAS concluiu a sua avaliação, admite o coordenador nacional do Programa Nacional da Diabetes, José Manuel Boavida. "Os dados são completamente actuais e pertinentes, e exigem respostas concretas", afirmou ao DN.
Por isso, o responsável disse ao DN que vai ser feito um levantamento dos dados sobre o controlo e prevenção desta doença, que afecta 800 mil portugueses. Saber os cuidados prestados, a acessibilidade ao rastreio, os meios de diagnóstico precoce de complicações e de tratamento, avança.
Para que haja articulação entre os diversos programas nos centros de saúde e hospitais, vai avançar um concurso para um programa, que terá respostas já em 2009.
Tendo em conta que os programas da diabetes e das doenças cardiovasculares são prioritários no Plano Nacional de Saúde, a IGAS concluiu que metade dos 21 centros de saúde analisados - com quase um milhão de utentes inscritos - não têm registos ou monitorização dos dados do triénio de 2004 a 2006.
No âmbito do Plano das Doenças Cardiovasculares, a IGAS concluiu que nove das 21 unidades não conseguiram identificar o número de hipertensos a partir de 2004. Também 71% dos centros de saúde não identificaram o número de pré-obesos e obesos no primeiro semestre de 2006.
Fonte: Diário de Notícias
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