Dos milhares de utentes que recorrem anualmente aos centros de atendimento do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), apenas 20% têm sucesso no processo de recuperação. Apesar disso, os consumos estão a diminuir.
A taxa de sucesso do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT) na recuperação de toxicodependentes ainda não ultrapassa os 20%.Ou seja, uma maioria dos consumidores de drogas que recorrem aos seus centros continuam a a ser reincidentes. Isto apesar dos resultados positivos na redução do consumo de drogas em Portugal, que traduz o esforço desenvolvido na prevenção, sobretudo junto das camadas mais jovens da população, e no tratamento de novos casos, Quem o diz é o presidente do IDT, João Goulão em declarações ao DN, após a apresentação ontem no Parlamento do relatório anual de 2008.
Isto porque, explica João Goulão, só são considerados casos de sucesso os de pessoas que cinco após os tratamento continuam sem consumir drogas e conseguiram iniciar o seu processo de reinserção social.
Os reincidentes são sobretudo pessoas de uma faixa etária superior aos 35 anos, uma população que começou jovem a consumir drogas mais pesadas, admite o responsável do IDT.
Agora, o estudo apresentado ontem na Comissão Parlamentar de Saúde revela que a cannabis é a droga com taxas mais altas de prevalência de consumo em Portugal, seguida da cocaína e do ecstasy. Mas a heroína, "apesar de o consumo nos últimos anos ter vindo a perder visibilidade", ainda continua a ser a droga relacionada com os casos mais problemáticos de consumo e a ter ainda um peso relevante "entre a população reclusa nacional".
Para estes casos mais problemáticos, a estratégia do centros do IDT visa sobretudo aumentar a esperança e a qualidade vida dessas pessoas (ver 5 perguntas a João Goulão). Já o tratamento de novos casos e a prevenção do consumo continuam a ser prioridades na estratégia futura.
Até porque da comparação de estudos nacionais de 2001 e 2007 verifica-se que tem havido um aumento moderado do consumo a nível da população portuguesa entre os 15 e os 64 anos e uma diminuição ao nível das populações de estudantes e reclusos.
Em 2008, cresceu foi o número de pessoas que recorreram às estruturas de tratamento, provavelmente "devido a uma maior e melhor articulação com as respostas no terreno", refere o documento apresentado ontem pelo IDT, como outro dos aspectos positivos.
Contudo, "a heroína continua a ser a substância mais referida como droga principal dos utentes em tratamento", apesar de "nos últimos anos" haver maior visibilidade" da cocaína, cannabis e álcool".
Por outro lado, diminuiu novamente a prática de consumo endovenoso e da partilha de material de entre os utentes que recorreram ao tratamento da toxicodependência, um factor que contribuiu para a redução da transmissão de doenças infecto-contagiosas entre os consumidores de drogas, nomeadamente do VIH.
Um problema que subsiste e não é de fácil resolução. É que Portugal continua a ser um dos países incluídos nas grandes rotas de tráfico de droga a nível mundial. Um combate difícil.
Fonte: Diário de Notícias
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