O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) defendeu que a solidão na velhice não se resolve apenas com apoios do Governo e sublinhou a necessidade de as comunidades serem mais solidárias com os idosos. "Não pode ser só o Governo. A sociedade em geral tem que estar atenta à situação dos seus idosos e particularmente as famílias tem de ser mais solidárias com os seus membros", afirmou Lino Maia, quando questionado sobre a Lusa a propósito da evolução das respostas disponíveis para atacar problemas como a solidão nos idosos.
Em 2007, um estudo coordenado pela CNIS analisou 900 freguesias quanto ao apoio social e concluiu pela necessidade de uma reforma no sistema de serviço social. "Daí para cá não tem havido grandes alterações. A situação mantém-se", afirmou Lino Maia, destacando que a resposta no apoio aos idosos é maioritariamente (mais de 70 por cento) dada pela instituições de solidariedade social, que "também têm dificuldades".
"Quanto ao Governo houve uma aposta maior na infância e há novas possibilidades para idosos, mas estes não são assuntos de resposta imediata", disse.
Lino Maia recordou que no âmbito do QREN foram aprovadas candidaturas para apoio a idosos, mas sublinhou que "só daqui a quatro ou cinco anos estarão operacionais". O estudo social sobre as freguesias portuguesas apontou ainda a "reduzida capacidade de inovação" na área do serviço social e as constantes respostas padronizadas.
Quatro idosos que viviam sozinhos no distrito de Lisboa morreram em casa e a PSP admitiu já a hipótese de ter sido por causa das baixas temperaturas que se fazem sentir. A população da cidade de Lisboa diminuiu e envelheceu nos últimos 30 anos e, de acordo com o Plano Gerontológico Municipal os idosos da capital são sobretudo mulheres sozinhas e com baixos níveis de escolaridade e rendimento.
O plano concluiu que há uma "realidade de total isolamento diário para 59 por cento da população que reside sozinha, evidenciando um risco de solidão". Segundo os dados recolhidos na elaboração deste plano, a maioria dos idosos (48 por cento) vive na mesma casa há 30 anos e 23 por cento das habitações não tem qualquer sistema de aquecimento.
De acordo com um estudo elaborado por especialistas da Universidade de Dublin, que comparou 14 países europeus, Portugal é um dos países da União Europeia onde mais se morre por falta de condições de isolamento e aquecimento nas casas.
Data de introdução: 2010-02-16